São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 1995
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O tratamento do câncer de próstata

AFIZ SADÍ

Insistimos em falar sobre tumores prostáticos, apesar da infinidade de artigos existentes. Cada urologista tem sua opinião, falha, dúvida diagnóstica, indicação terapêutica, bastando atentar para a importância propedêutica preventiva a partir de um período da vida.
Sabe-se que a próstata não se desenvolve se houver castração antes da puberdade e, ocorrendo posteriormente, se atrofia; admitindo-se ser hormônio independente. Fala-se em diagnóstico precoce do câncer da próstata, mas é ainda impossível ser realizado, pois a partir do instante em que se sente um nódulo duro na glândula, o tumor já se encontra disseminado; difícil a captação da propagação metastática, embora já exista sob forma de células nidadas no fígado, pulmões ou capilares arteriais. Podem invadir a corrente sanguínea e comprometer os ossos da coluna e da bacia.
O cidadão procura o urologista porque tem dificuldade miccional, jato fino e fraco, perde gotas de urina após a micção; molha as roupas; demora para começar a urina; dor uretral à micção e à ejaculação; parece que a bexiga está sempre cheia; dor no períneo; não sabe se urina ou defeca, etc.
Exame importante: toque retal que diagnostica com precisão, mais de 90% dos casos; se benigno ou maligno. Aí então seguem-se os demais e necessários exames de acordo com cada caso. Importante o PSA (antígeno prostático específico), entre outros, e acho mesmo que deva ser requisitado em todos os casos, embora seja 10% falso positivo e falso negativo para o câncer e adenoma.
Outros como o fluxo urinário; cistoscopia; sonografia, tomografia, cintilografia, são importantes e o urologista está habituado a manipulá-los. Importante o exame prostático a partir dos 50 anos de idade e as indicações terapêuticas para o adenoma e para o câncer.
Entretanto, a respeito do câncer da próstata acho acho que está havendo um abuso nas indicações cirúrgicas; não há um critério judicioso por parte de alguns para a feiúra desse tipo de operação.
Há métodos clínicos, urológicos, medicamentosos muito superiores às cirurgias e isto deve ser levado em conta não se precipitando só porque se diagnosticou um câncer. Outrossim, a múltipla escolha terapêutica, depende do caso; da preferência do especialista; do estado geral do paciente.
Na minha experiência, há sempre indicação clínica, medicamentosa, principalmente para os cânceres da próstata porque, uma vez diagnosticadas, as metástases ou micrometástases já existem, dificultando, em sã consciência, uma indicação cirúrgica segura de cura e boa qualidade de vida ao portador de afecção, porque ainda penso que é impossível, atualmente, e com todo arsenal terapêutico existente, fazer-se o diagnóstico precoce do câncer da próstata. Por isso, para este câncer, a indicação cirúrgica deve ser bem dosada, minimamente possível e honestamente na minha experiência proscrita do armamentário médico.

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