São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 1995 |
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"Vem Dormir Comigo" traz o pior do cinema independente americano
MARCELO REZENDE
Produção: EUA, 1994 Direção: Rory Kelly Elenco: Eric Stoltz, Meg Tilly e Craig Sheffer Estréia: Espaço Banco Nacional 3 e Lumiére 2 No filme de estréia do americano Rory Kelly, "Vem Dormir Comigo", o ator e diretor Quentin Tarantino faz uma aparição, tentando provar em meio a uma festa que "Ases Indomáveis" é em essência um filme homossexual. Mais do que uma piada perdida, espalhada cuidadosamente entre os momentos de tensão da história, a situação de Tarantino funciona quase como um signo. Representa um cinema independente que terminou por roubar a cena da produção hollywoodiana. E que agora, acredita, tem que zombar dos grandes estúdios. "Vem Dormir" mostra a vida de um jovem casal em crise. O que ocasiona uma série de desencontros, traições, atração e repulsa. E, claro, a paixão de uma mulher pelo melhor amigo de seu marido. Mas o filme é antes de tudo uma comédia. E é a isso que se deve a aparição de Tarantino. O pai da comédia que não se assume como tal, e do drama que se sustenta em suas referências, cumpre o papel de grande padrinho de um cinema emergente. Só que Tarantino, apesar de seus excessos, é um diretor talentoso. Kelly, não. Seu trabalho parece estar mergulhado em uma modernidade envelhecida. Passado em um momento em que as pessoas ainda se encantavam com a existência de câmeras VHS portáteis. E que fazem desse objeto, a câmera, o veículo para a expiação da culpa. O resultado não é a comprovação da falência de um modelo, e nem sua superação, como talvez Kelly quisesse demonstrar. Mas antes o fracasso de uma idéia: a de uma possível estética do "novo" filme de baixo orçamento. Mas essa, assim como a grande maioria das idéias desse filme, não passa de mais uma discussão antiga. Assim como a traição amorosa. Texto Anterior: TEMPO DOS ATORES Próximo Texto: Superprodução alemã exorciza o desespero da batalha de Stalingrado Índice |
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