São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 1995
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Acaso salva 2 mulheres da morte em Oklahoma

MAURO TAGLIAFERRI
DO ENVIADO ESPECIAL A OKLAHOMA CITY

Um atraso de 25 minutos salvou a vida da dona-de-casa Neoma Guinn, 37, e uma demissão, há duas semanas, a de Bridget Briggs, 19.
No início da tarde de ontem, ambas foram às ruas centrais de Oklahoma City, cidade em que moram, no centro-sul dos EUA, para ter uma idéia do que teria acontecido a elas se estivessem no edifício Alfred Murrah anteontem.
Impedidas de se aproximar do prédio além de um quarteirão de distância, juntaram-se às pessoas que observavam a destruição causada pela explosão de quarta-feira.
Na rua ensolarada e silenciosa, interditada ao trânsito, olharam o trabalho das equipes de resgate, polícia, bombeiros, técnicos em explosivos, soldados e agentes do FBI (polícia federal).
Tudo o que se ouvia era o barulho de um helicóptero e dos repórteres de TV, com seus boletins ao vivo. De resto, silêncio.
"Se eu tivesse deixado minha casa na hora em que planejava, estaria em frente ao prédio no momento da explosão", disse Guinn.
"Só não saí porque meu cachorro estava muito agitado naquela hora. Ele pulava sobre minhas pernas, como se não quisesse que eu fosse embora", acrescentou.
"Levei um tempo para acalmá-lo e também aproveitei para cuidar dos meus filhos. É como se Deus tivesse me iluminado".
Guinn teria de ir ao primeiro andar do Alfred Murrah para entregar alguns papéis referentes a uma cirurgia que sofreu há nove meses, num posto do Serviço Social ali existente.
Numa rua próxima, Bridget Briggs também observava o edifício destruído, no qual trabalhou por seis meses, até que foi demitida, há duas semanas.
Briggs trabalhava justamente na creche localizada no segundo andar do prédio, uma das áreas mais afetadas pela explosão.
"Todo o grupo que tomava conta das crianças foi substituído há duas semanas", afirmou. "Por isso, não trabalho mais lá".
A mesma sorte não teve sua irmã, Pam Briggs, que trabalha no Alfred Murrah. Ela foi ferida na explosão, está hospitalizada e, segundo Bridget, passa bem.
"Esta é uma boa cidade, um lugar maravilhoso de se viver, não entendo como uma coisa dessas foi acontecer aqu"i, disse Guinn.
A verdade é que Oklahoma City acordou ontem dona de uma notoriedade inédita na sua história, com certeza indesejada.
"Nunca este lugar atraiu tanta atenção", afirmou a estudante de jornalismo Nicole Cuch.
"Você já havia ouvido falar de Oklahoma City antes?", perguntou Cuch, que participa da cobertura da explosão para o jornal da Universidade de Oklahoma.

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