São Paulo, sábado, 22 de abril de 1995
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San Francisco quer atrair novos artistas

Curador diz que MoMA será centro de experimentação

MARILENE FELINTO
ENVIADA ESPECIAL A SAN FRANCISCO (EUA)

Com a inauguração de seu novo Museu de Arte Moderna (MoMA), em 18 de janeiro último, San Francisco ganhou o que lhe faltava para expressar seus ares pós-modernos, sua riqueza e a avançada tecnologia de ponta da Califórnia.
Além disso, o novo MoMA tem porte e dinheiro suficiente -a obra custou US$ 62 milhões, de um total de U$ 90 milhões arrecadados em doações- para incluir San Francisco no circuito das grandes exposições dos EUA.
O prédio do museu, ousado projeto arquitetônico do suíço Mario Botta, encaixa-se como uma luva no "skyline" (silhueta de prédios) já todo modernoso dessa bela e confortável cidade.
A grande novidade é a estrutura central da construção, cilíndrica, terminando em larga clarabóia que ilumina com luz natural o interior do prédio. Situado na área do centro cultural de Yerba Buena Gardens, o MoMA pretende ser acima de tudo um centro de experimentação, um laboratório de atividades artísticas voltado para o incentivo do trabalho de jovens artistas.
O museu está dividido em quatro departamentos culturais de coleções: arquitetura e design, fotografia, artes de mídia (inclui vídeo e filmes), e pintura e escultura (inclui desenho e artes gráficas).
Seus carros-chefes são as áreas de fotografia e artes de mídia. Além do MoMA de San Francisco, só o de Nova York, mantém, nos EUA, uma exposição permanente de fotografia. O acervo de pintura e escultura tem poucas obras importantes, sendo a mais renomada a "Femme au Chapeau" (1905) de Matisse.
Uma das questões centrais da política do museu, segundo Garry Garrels, curador-chefe e responsável pela área de pintura e escultura, é encontrar um equilíbrio entre a preservação e interpretação das obras historicamente conhecidas e a experimentação.
Nas dependências do MoMA em San Francisco, Garrels recebeu com exclusividade a Folha para falar sobre o acervo, política de aquisições e o interesse do museu na América do Sul e Brasil.

Folha - Você diria que agora, com o MoMA, San Francisco está incluída no circuito das grandes exposições nos EUA?
Garry Garrels - Acho que sim, para as exposições contemporâneas, sim. Vamos organizar exposições com obras do modernismo histórico, mas nosso foco são obras depois dos anos 60.
Acho que uma de nossas questões é exatamente o equilíbrio da programação, a mistura de exposições e de tipos de artistas. Este museu estará preocupado com artistas jovens. Não queremos nos transformar simplesmente num lugar para os já famosos e aceitos. Realmente queremos que esse museu seja um laboratório, incentivando trabalhos novos, correndo riscos.
Folha - O papel do MoMA, será então o de renovar as artes plásticas em San Francisco?
Garrels - Eu espero que o museu contribua para isso. Trata-se se dúvida de uma instituição nacional, de larga escala. Nunca seremos os primeiros na apresentação da jovem arte emergente fora de San Francisco, mas cena alternativa aqui é muito viva. Queremos incorporar ao programa exibições ocasionais de artistas que trabalham aqui. A cada dois anos, teremos um seminário do grupo da sociedade pública de museus para o incentivo da arte contemporânea, e faremos visitas a estúdios para selecionar de dois a três artistas para exposições.

LEIA MAIS
sobre o MoMA de San Francisco à pág 5-3

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