São Paulo, sábado, 22 de abril de 1995
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'Achei que ela estava morta', diz bombeiro

MAURO TAGLIAFERRI
DO ENVIADO ESPECIAL

O capitão do Corpo de Bombeiros de Oklahoma City Chris Fields, 30, se encontrou na noite de anteontem com a mãe de Baylee Almon, 1.
O oficial e a menina, que morreu em decorrência dos ferimentos que sofreu na explosão no edifício Alfred Murrah, se tornaram os símbolos da tragédia norte-americana.
"Achei, naquele momento, que a garotinha estivesse morta, porque não dava nenhum sinal de vida, não tinha respiração, mas eu não podia dá-la como morta", disse Fields à Folha.
A cena de Fields carregando o corpo de Baylee foi fotografada pelo bancário Charles Porter, que trabalha no centro da cidade, próximo ao prédio.
A fotografia foi distribuída para todo o mundo pela agência noticiosa "Associated Press".
Numa das fotos, o capitão recebe a menina das mãos do policial John Avera, 47, que a retirou dos escombros.
"O trabalho foi muito difícil. Havia muitas crateras e muita poeira lá, quase não podia respirar. Fora o fogo e a fumaça", falou Avera.
"Enquanto a tirava dali, não pensei na minha família, mas na enorme quantidade de pessoas pelas quais era responsável."
Fields diz que levou a menina para um paramédico (pessoa com conhecimentos de medicina, autorizada a prestar os primeiros socorros), que declarou-a morta.
"O rosto dela estava coberto por fuligem e poeira e ela sangrava muito", contou.
Na noite de anteontem, o capitão e a mãe da menina, Aren Almon, se encontraram. "Ela me agradeceu por termos feito tudo o que podíamos", afirmou Fields.
Ali, o bombeiro ficou sabendo que Baylee tinha completado um ano de idade na véspera da explosão do Alfred Murrah.
Não foi a primeira vez que o capitão trabalhou no resgate de crianças, nem a primeira vez que viu uma morrer em seus braços.
"Já estive em incêndios e em acidentes de carro nos quais havia crianças envolvidas. Só que dessa vez é diferente. Isso aqui, ao contrário, foi premeditado por alguém", declarou Fields, nascido em Oklahoma City e pai de um garoto de três anos chamado Ryan.
(MT)

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