São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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Prédio pode ter servido para torturar presos

DA REPORTAGEM LOCAL

Os porões do Palácio das Indústrias, atual sede da Prefeitura de São Paulo, guardam histórias macabras. Uma mala com um crânio humano em seu interior foi encontrada ali durante reforma do prédio, em 1992.
Mala e crânio foram levados para o 1º Distrito Policial, no centro de São Paulo, próximo ao palácio. Mas até hoje não se descobriu de quem era o crânio nem a mala.
O engenheiro Carlos Takashi, responsável pela reforma do prédio, na administração municipal de Luíza Erundina (1989-1993), lembra de outras coisas estranhas encontradas no mesmo local.
Uma delas deixou operários e engenheiros espantados. Eram armários de aço, usados em repartições públicas, perfurados por balas. "É como se os armários fossem usados em tiro ao alvo", diz.
Há suspeitas de que a mala com o crânio e os armários com furos de bala começaram a habitar os porões da prefeitura durante o período em que o prédio abrigou repartições da polícia.
Inaugurado em 1924, o Palácio das Indústrias serviu como sede de grandes exposições do setor agroindustrial e comercial de São Paulo. Entre 1947 e 1968, foi sede da Assembléia Legislativa.
Em 1920, ainda inacabado, abrigou a 3ª Exposição Internacional de São Paulo. Três anos depois, foi feita ali a primeira transmissão radiofônica em solo paulista.
A partir de 1968, durante o regime militar, o palácio abrigou repartições policiais. Funcionavam ali a Delegacia da Grande São Paulo, o 1º Distrito Policial e 7º Batalhão da Polícia Militar.
Foi o período negro de sua história. Além de denúncias sobre torturas e mortes de presos, o prédio se deteriorou. Após as reformas, a Prefeitura se mudou para lá, em novembro de 1992.

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