São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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80% das chacinas continuam sem solução

DA REPORTAGEM LOCAL

O baixo índice é desconsiderado pela polícia, que afirma ter praticamente resolvido mais quatro casos. Nesses, houve prisão de suspeitos, mas a falta de laudos, depoimentos de testemunhas ou provas materiais impede a finalização do inquérito e seu envio à Justiça.
Segundo a polícia, o principal problema é o silêncio de testemunhas, que por temer represálias afirmam "não ter visto nada".
Em dois dos três casos resolvidos (as chacinas do Jardim São Luiz, com três mortos, e a de Suzano, com quatro), a polícia contou com testemunhas que reconheceram os assassinos.
No caso das mortes de Atibaia, Luciano Crus, 20, se apresentou espontaneamente à polícia e confessou ter matado três pessoas de uma mesma família.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, José Afonso da Silva, anunciou esta semana a criação de uma coordenadoria de ações contra chacinas, que determinará quais delegacias serão destacadas nas investigações e o rumo a ser tomado na busca de pistas.
Laudos
Outro problema encontrado pela polícia é a demora na entrega de laudos pelo IML (Instituto Médico Legal) ou pelo Instituto de Criminalística. Para as 15 chacinas, foram solicitados 112 laudos, dos quais só 44 estão prontos (39%).
São laudos toxicológicos (descobre se a vítima tomou entorpecente ou se algo apreendido é droga), de cadáver (constata a causa da morte), de lesões dos feridos (confirma ferimentos), de balística (determina se uma arma foi usada no crime) e de local (mostra como era a cena do crime).
Um exemplo de demora é um laudo pedido para a chacina em que morreram três pessoas em 20 de janeiro na Casa Verde Alta (zona norte). A polícia achou "uma porção de pó branco". Até hoje, não sabe se é cocaína ou não.
Os laudos dos três mortos da chacina de Franco da Rocha (Grande SP), em 21 de fevereiro, são os que foram pedidos há mais tempo e que ainda não estão prontos. Das seis matanças ocorridas em abril, cinco não têm laudos de cadáveres concluídos.
Seis exames toxicológicos foram pedidos e nenhum concluído. Os inquéritos revelam que foram pedidos 18 laudos de locais de crime, dos quais 10 estão prontos.

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