São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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Veterinário deve buscar a diversificação

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Diversificar as atividades o máximo possível. Esse é o caminho para se dar bem na medicina veterinária, segundo especialistas.
"O que mais temos por aqui são clínicas de animais de pequeno porte (como cães e gatos)", diz Ronald Leite Rios, 58, presidente do Sindicato dos Médicos Veterinários do Estado de São Paulo.
Formado pela USP há 20 anos, Rios costuma sair de São Paulo para atender fazendas do interior, onde a agropecuária, segundo ele, está sendo retomada.
O campo de trabalho é amplo. Existem oportunidades em indústrias de alimentação e de medicamentos para animais e em centros de criação e inseminação artificial.
Cooperativas, clínicas, hospitais, zoológicos, frigoríficos, matadouros, laticínios, fazendas, entre outros órgãos públicos e privados, também fazem parte da área de atuação desse profissional.
Para Rios, o mercado de clínicas de animais de pequeno porte já está saturado na capital.
"Mas o carro-chefe ainda é esse", avalia Ricardo Coutinho do Amaral, 47, presidente da Sociedade Paulista de Medicina Veterinária e professor da USP (Universidade de São Paulo).
Segundo Amaral, uma dica para os próximos anos é apostar em clínicas de animais silvestres -tartarugas, araras e aves em geral.
Para Ronald Rios, o sindicato se preocupa com a situação de estagiários que são requisitados por clínicas que pagam uma bolsa-auxílio baixa e os exploram como mão-de-obra barata.
"É complicado. Quem se sente explorado pode mover um processo. Mas o sindicato existe para defender os interesses do veterinário. O que fazer se estagiário e dono de clínica são estagiários?"
Um profissional leva dois ou três anos para receber o salário médio da profissão -R$ 2.000. Para se estabelecer no mercado, o prazo é de 10 a 15 anos.
Quem avalia é José Alberto Pereira da Silva, 48, presidente do CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária) do Estado de São Paulo e professor da USP.
Além de pouco divulgada, a atuação do veterinário nas áreas de fiscalização em higiene e saúde também significam mais oportunidades no futuro.
"Falar em indústria de ração era absurdo há 25 anos. Ninguém alimentava seus animais com ração. Hoje isso acontece com praticamente todos os donos."
O número de mulheres na profissão cresce em todo o mundo. No Brasil, essa tendência é notada nas salas de aula.
Nos Estados Unidos, já é estatística -55% dos que abraçam a profissão são mulheres, segundo a Associação Americana de Medicina Veterinária.
O presidente Ronald Rios, do sindicato, aponta ainda para a desqualificação de parte da mão-de-obra atualmente no mercado.
"O crescimento do número de faculdades particulares, que viraram um grande negócio, é muito perigoso", afirma Rios.
"Não se sabe até que ponto esses cursos têm qualidade ou se são comparáveis com os de universidades públicas, apesar de serem reconhecidos pelo governo."
No Estado, há cursos públicos na USP e na Unesp (Botucatu, Jaboticabal e Araçatuba).

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