São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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Teatro e dança oferecem lazer gratuito e disputado

Público pode enfrentar filas em 'Péricles' e mostra de butô

ANA BEATRIZ BRISOLA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Para quem quer estar atualizado na área cultural e frequentar os melhores espetáculos em São Paulo, geralmente é necessário dispor de um orçamento razoável. No entanto, para quem não quer desembolsar nada, mas está disposto a enfrentar alguma fila, a cidade também oferece boas opções.
Depois de um jejum de peças adultas que vinha desde o dia 18 de fevereiro, quando saiu de cartaz a peça "Futebol", de Bia Lessa, o Teatro Popular do Sesi apresenta "Péricles, Príncipe de Tiro", de William Shakespeare, com direção de Ulysses Cruz. A peça estreou na última quinta-feira e deve ficar em cartaz até setembro.
A apresentação gratuita faz parte do projeto para as artes cênicas do Teatro Popular do Sesi, que começou no ano passado e inclui também a peça infantil "Maria Borralheira", uma adaptação livre do clássico "Cinderela" dirigida por Vladimir Capella.
Para conseguir o ingresso, o espectador deve retirá-lo na bilheteria do teatro uma hora antes do início das apresentações. Mas a fila, é claro, sempre começa antes. "Especialmente nos finais de semana, é aconselhável que o espectador chegue com um pouco mais de antecedência", diz Theodora Ribeiro, da divulgação do Sesi.
Ela ressalta que, para lotar os 466 lugares do teatro, são necessárias apenas 233 pessoas na fila, já que cada uma tem direito a retirar dois ingressos. "Quando há duas sessões a lotação da segunda é mais rápida ainda pois as pessoas que ficaram de fora na primeira normalmente já ficam esperando pela próxima", afirma Ribeiro.
A espera, no caso do Sesi, pode ser amenizada por um passeio pela Galeria de Arte do Sesi, que atualmente mostra "Poética da Resistência", exposição de gravuras da coleção Gilberto Chateaubriand que reúne 54 artistas brasileiros, ou por uma visita à biblioteca, que tem também uma programação de vídeo. Tudo de graça.
"Nosso público-alvo é o trabalhador, que fica sabendo dos nossos eventos por meio da divulgação que é feita nas empresas e fábricas. Às vezes, durante a semana, a fila começa mais cedo porque eles vêm para cá direto do trabalho", afirma Ribeiro.
Se "Péricles" repetir o sucesso de "Inspetor Geral", com direção de Antonio Abujamra, que saiu de cartaz no ano passado com a casa lotada e com gente "brigando na porta", como disse Theodora, a concorrência vai ser acirrada.
Outra opção é a "Mostra 95, Butô e Teatro Pesquisa", que também tem algumas das atrações com entrada franca. Uma delas é o espetáculo em miniatura "A Gênese de Kazuo Ohno", com duração de dois minutos, realizado para um espectador de cada vez. Dentro de uma caixa preta, Kazuo Ohno, o mestre do butô no mundo, é representado por um boneco manipulado que dança.
Há também a exposição de fotos de Naurit Masson Sekine, que viajou pelo mundo fotografando várias companhias de butô, além de workshops, vídeos, palestras, encontros e mesas-redondas (informações e inscrições pelo telefone 285-0430).
No Teatro Paulo Eiró está em cartaz o espetáculo de dança moderna "A Casa de Meu Pai - Freudanna", dirigido por Gilda Murray e Raymundo Costa, com o grupo Cena (Centro de Encontro das Artes). Além da dança, há também um texto que tenta recriar trechos das cartas escritas por Anna Freud a seu pai.
Para assistir, basta chegar e sentar. "A apresentação é feita a portas abertas, mas a frequência, para um espetáculo gratuito, é baixa", diz Gladstone Barreto, administrador do teatro.

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