São Paulo, domingo, 23 de abril de 1995
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Solte a língua!

CLAUDIA GONÇALVES
SÍNDROME DE ROMÁRIO

A repetição viciosa do som do "s" e de outras consoantes sibilantes, como no caso do jogador Romário, acontece quando se projeta a língua entre os dentes. Chama-se sigmatismo. Em geral, é reflexo de hábitos orais da infância -como o uso prolongado de chupeta- e provoca flacidez na língua. "O músculo se alarga e isso causa a projeção", explica a fonoaudióloga Zelita Caldeira Ferreira Guedes, 42. Outras causas do sigmatismo são distúrbios respiratórios -rinite alérgica ou desvio do septo- e defeitos na arcada dentária.
EFEITO CEBOLINHA
Como o personagem dos quadrinhos, quem tem este problema faz uma salada geral de consoantes, trocando "r" por "l", "l" por "r" etc. Esses distúrbios articulares são causados pela confusão entre determinados sons: a pessoa não distingue um fonema de outro. Encaixado parcialmente nessa patologia, outro problema comum é a incapacidade de pronunciar o "r" gutural, como o da palavra "carro". Para suprir a limitação, a pessoa usa o "r" como o da palavra "caro" sempre que a consoante aparece. Muda o som, não a letra.
LÍNGUA PRESA
O nome correto do que a gente conhece por "língua presa" é freio curto. O problema ocorre porque o freio lingual (pele que une a língua e a parte inferior da boca) é muito pequeno e impede que a língua alcance o céu da boca. Em decorrência disso, a pessoa não consegue pronunciar os sons das consoantes "l" e "r" e tem dificuldade de deglutição. É o único distúrbio da fala que admite cirurgia -mesmo assim, em raríssimos casos. "Em 20 anos de profissão eu só vi duas intervenções cirúrgicas do tipo", conta Zelita Guedes.
TRATAMENTOS
Todos tipos de distúrbios da fala citados podem ser corrigidos com exercícios -que envolvem até "halteres" linguais e labiais. Se problema for relacionado a defeitos na arcada dentária ou efeito de dificuldades de respiração, o paciente deverá primeiro consultar um especialista na área (um ortodontista ou um otorrinolaringologista). Segundo a fonoaudióloga Zelita Guedes, a motivação do paciente é o ingrediente mais importante para a correção de qualquer distúrbio. "Se a pessoa não se sente incomodada, não deve fazer terapia", diz.

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