São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995
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Partido pode se tornar um "Arenão"

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO; GUSTAVO KRIEGER
EDITOR DO PAINEL

GUSTAVO KRIEGER
Não é à toa que o PFL é o partido que mais cresceu nesta legislatura. Tudo faz parte de um processo que deve desembocar numa nova sigla, o PSL (Partido Social Liberal), que, segundo seus idealizadores, será a maior do Congresso Nacional.
Em uma articulação do vice-presidente da República, Marco Maciel, e do presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães, o PFL tenta atrair partidos como PPR, PTB, PP e PL, além de uma fatia do PMDB, para uma fusão.
As discretas negociações já estão bastante avançadas.
No PPR, as conversas são com os líderes na Câmara, Francisco Dornelles (RJ), e no Senado, Esperidião Amin (SC). O prefeito paulistano, Paulo Maluf, principal estrela do partido, não foi convidado para a festa.
Nenhum dos principais articuladores do processo fala abertamente da negociação, mas, em conversas reservadas, vários comentam com entusiasmo a nova sigla.
Ela já tem até apelido: Arenão -referência à Aliança Renovadora Nacional, que deu as cartas no Congresso durante o regime militar (64-85).
Nas contas mais otimistas dos entusiastas do PSL, o partido beiraria a maioria absoluta de 257 deputados na Câmara: algo entre 230 e 235 votos. Mesmo na avaliação pessimista, ultrapassaria 200 votos -o dobro do que tem o maior partido hoje, o PMDB.
As previsões se repetem quanto ao tamanho da bancada da nova sigla no Senado.
Embora não seja jamais explicitado, o objetivo que une "liberais", "trabalhistas" e "progressistas" neste projeto comum é a divisão de poder no governo.
A dificuldade demonstrada pelo PSDB e seus aliados do PMDB em angariar apoio para Fernando Henrique no Congresso deu a deixa para que os novos "sociais-liberais" entrassem em cena.
FHC
Se tiverem êxito em seu projeto, os donos do PSL entregarão um prato feito para o presidente: ou ele redistribui os cargos de seu governo proporcionalmente ao número de votos dos partidos que o apóiam, ou correrá o risco de não aprovar mais nada no Congresso.

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