São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
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Correção do umbigo amplia mercado para santa gertrudis

SEBASTIÃO NASCIMENTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os criadores brasileiros de santa gertrudis conseguiram superar um obstáculo que prejudicava o mercado da raça.
Através de cruzamentos, eles encurtaram o prepúcio dos touros (a pele que cobre a cabeça do pênis do animal).
Nos bovinos, o prepúcio fica na mesma região do umbigo. Por isto, os criadores preferem a expressão "encurtar o umbigo" para explicar este melhoramento genético.
O encurtamento do umbigo está reduzindo o prejuízo dos criadores. Antes, a pele comprida do animal tocava nas pastagens altas e feria o bicho. O machucado atraía moscas, provocando infecção.
Segundo João Francisco Danieletto, gerente da Associação Brasileira da raça, sediada em São Paulo, "o umbigo longo"era um defeito sério da raça.
"Fora isto, o santa gertrudis apresentava uma série de vantagens, como a precocidade (vai para abate aos dois anos de idade), facilidade para ganhar peso e rusticidade".
Em 1976, a associação resolveu agir, proibindo a importação de animais e sêmen.
Ao mesmo tempo, seus técnicos, chefiados pelo veterinário Luis Bannwart, saíram a campo impedindo o registro de animais com umbigos longos.
O registro funciona como uma certidão de nascimento.
As importações só foram reabertas em 1986, quando Bannwart trouxe dos EUA 15 touros de linhagens diferentes.
A intenção era evitar a consanguinidade, já que durante dez anos o criador usou somente touros nascidos por aqui.
Para eliminar o defeito, foram feitos cruzamentos sucessivos com machos cujos prepúcios já tinham sido corrigidos. Os animais que nasciam com umbigos longos eram abatidos.
"Mostramos que, ao contrário do que defendem os criadores norte-americanos, o comprimento do umbigo não tem relação com o rendimento da carcaça", diz o fazendeiro Carson Geld, de Tietê (SP).
Geld, que cria a raça há mais de 20 anos, é da mesma terra do santa gertrudis (Texas).
"No Brasil, as pastagens são altas e o animal de umbigo baixo tem problemas", diz ele.
Para Geld, esta questão está superada e o criador já mudou sua maneira de pensar.
"Quando o problema mexe no bolso do pecuarista, ele reage rapidamente", diz.
Ele lembra que quando a raça chegou ao Brasil, há 25 anos, os animais pareciam ter cinco pernas, devido ao tamanho do prepúcio.
Hoje, segundo Geld, dificilmente uma criação comercial sobrevive com animais de umbigo longo.
"Corrigir o prepúcio faz parte do passado", acrescenta João Francisco Danieletto, que aconselha o criador a se preocupar com o rendimento da carcaça (porcentagem de carne) da raça.

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