São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Trigo pode ter menor área desde 1970

DA REPORTAGEM LOCAL

A área de trigo da atual safra, cujo plantio começou este mês, pode ser a menor desde 1970.
Repetindo o cenário dos últimos quatro anos, a área de trigo, principal cultura da safra de inverno, não deve ultrapassar 1,5 milhão de hectares, segundo apurou a Folha.
Há 15 anos o trigo chegou a ocupar uma área no país de 4,1 milhões de ha (hectares).
Técnicos do próprio Ministério da Agricultura estão pessimistas em relação à safra deste ano.
Acreditam que a produção de trigo alcance no máximo 2 milhões de toneladas, volume inferior ao do ano passado.
Para estancar a queda, o governo está correndo contra o relógio a fim de definir o modelo de financiamento para o plantio.
O período de plantio do trigo esgota-se em maio ou junho dependendo da região.
A esperança dos técnicos é que a aplicação da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) no crédito de custeio do trigo segure a redução.
É com o crédito de custeio que o agricultor toma dinheiro no banco para a compra de sementes, adubo e agrotóxicos.
Enquanto a produção de trigo vai despencando, agricultores procuram alternativas que lhes permitam manter os solos cobertos com massa verde ou que lhes dêem algum retorno econômico.
Uma das opções preferidas pelos produtores do Sul para o inverno é a aveia branca (para grãos).
A área do produto no Brasil cresceu dos 39,8 mil ha semeados em 77 para 281,7 mil ha em 94.
Outro produto que tenta recuperar espaço é a cevada.
No final dos anos 80, segundo a indústria de cerveja, sua produção passou das 250 mil toneladas.
Problemas climáticos, porém, provocaram a diminuição da produtividade das lavouras.
A área plantada foi caindo ano a ano e em 94 a colheita do grão alcançou 109,8 mil toneladas, de acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Ernesto Stock, 29, produtor em Guarapuava (PR), decidiu abandonar o plantio de trigo nesta safra.
Ele prefere ampliar a área de aveia dos 150 ha semeados em 94 para 170 ha este ano. Stock é um dos agricultores mais produtivos em aveia na região.
No ano passado, alcançou a média de 3.300 kg/ha.
Associado da Cooperativa Agrária Entre Rios, Stock diz que também vai manter os 200 ha de sua área de cevada.
Winfrid Leh, 33, é outro produtor associado da cooperativa que decidiu não plantar trigo este ano. O grão já ocupou metade da área de sua propriedade (3.500 ha).
Leh afirma que não tem como competir com os subsídios dados ao produto estrangeiro.
"Acreditei no Fernando Henrique e no Plano Real, comprando máquinas agrícolas, mas a TR virou uma nova taxa de juros e não de atualização da moeda", diz.
Mais do que as culturas típicas de inverno (aveia, canola, cevada, centeio e triticale), o milho tornou-se a principal opção ao trigo.
A Conab estima que a safrinha de milho (plantada no outono e colhida no inverno) ocupe perto de 1,4 milhão de ha este ano.
Se o clima ajudar, a produção de milho na safrinha pode atingir cerca de 3 milhões de toneladas.
A safrinha é considerada um plantio de risco, pois é plantada com custos baixos e fora da época mais favorável para a cultura. Em geral o agricultor não gasta di-

Texto Anterior: Fórum vai debater incêndios
Próximo Texto: Vacinação recorde; Araçatuba lidera; TJLP é o limite; Preocupação precoce; Safra não cresce; Futuro do leite; Faturamento aumenta; Alvo no Brasil; Mais mercado; Fim dos VBCs; Sem importância; Trigo dá a laragada; Cuidado; Bactéria
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.