São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
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Contagem regressiva

MARIA ERCILIA
EDITORA-ADJUNTA DO MAIS!

Ufa. Se tudo der certo, segunda-feira que vem começa o acesso comercial à Internet no Brasil.
Esta data de 1º de maio é a única coisa que vem sendo afirmada e reafirmada pela Embratel e pelo governo desde o começo do ano; todo o resto esteve mergulhado na indefinição (leia sobre o funcionamento da Internet comercial no caderno Brasil).
Não vai ser aquela abertura de porteiras total e irrestrita. A Embratel pretende atender 500 dos usuários cadastrados na primeira semana, 500 na segunda, e depois mil por semana. Faça as contas: são quase 15 mil pessoas.
Pausa para reflexão. Antes de começar a criticar o governo, a Embratel, as estatais, o atraso, os empresários (vai ter muito tempo para isso), é preciso ter em mente que a Internet é um balão de ensaio no mundo inteiro.
Maturação atropelada
Só nos EUA a coisa é um pouquinho diferente. Lá a rede teve uns 20 anos para trocar a dentição e adquirir uma personalidade própria. O que vai acontecer aqui é que a Internet vai direto do berço das universidades, ONGs e instituições de pesquisa para a dura realidade da informação como indústria.
O que pode ser motivo de preocupação. É fácil demais dizer que o Brasil está atrasado na corrida da tecnologia. Dá muito mais trabalho tentar descobrir como tirar o atraso e até obter vantagens do fato de não ser o primeiro. O caráter misto da Internet vai obrigar acadêmicos, políticos e empresários a uma convivência inédita.
A universidade vai fornecer a experiência com a tecnologia e a intimidade com a rede, o governo as conexões e os empresários o dinheiro. No pior cenário, pode virar um balaio de gatos. No melhor, um equilíbrio saudável entre interesses totalmente distintos.
Junte-se a isso o fato de que a maior parte dos consumidores potenciais da Internet brasileira só agora vai travar contato com a rede.
A Internet no Brasil ainda não atingiu uma massa crítica de fato, ela começa alavancada por uma "corrida do ouro mundial. O número de usuários no país deve estar em torno de 50 mil.
Nos EUA, 19 milhões de pessoas acessam hoje a Internet. O crescimento da rede se deu em ondas graduais: primeiro como rede do governo, depois das escolas, depois usuários de serviços online e pequenas empresas, e agora está em via de se transformar numa mídia de massa.
As empresas que entram na Internet americana tem de conquistar um consumidor que já estabeleceu uma cultura própria. Aqui tudo vai acontecer ao mesmo tempo. É uma janela de oportunidade bem curta para a definição da posição do Brasil na era da informação.
A Internet em si é uma massa de cabos, linhas telefônicas e computadores. Sua política de uso vai fazer toda a diferença.

O e-mail de NetVox é folha @ sol.uniemp.br

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