São Paulo, terça-feira, 25 de abril de 1995
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FBI prepara acusação a mais um suspeito

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A polícia federal dos EUA (FBI) está prestes a indiciar Terry Lynn Nichols, mantido sob custódia como testemunha do atentado de Oklahoma.
Agentes do FBI descobriram explosivos na casa de Nichols, em Herington, Kansas (região centro-norte ocidental do país).
Segundo a Folha apurou, ainda não há evidências para ligar Nichols ao atentado em Oklahoma, mas os responsáveis pela investigação já não têm mais dúvidas de que Nichols está envolvido.
Por enquanto, só uma pessoa foi acusada pela tragédia, Timothy McVeigh. Segundo a rede de TV ABC, policiais mostraram ontem a McVeigh fotos de vítimas da explosão de Oklahoma e ele pareceu "indiferente".
O Exército confirmou que McVeigh recebeu quatro condecorações, inclusive a Estrela de Bronze, por sua participação na Guerra do Golfo em 1991, como operador de metralhadora.
O advogado público indicado pela Justiça para defender McVeigh afastou-se do caso ontem. John Coyle disse que perdeu vários amigos na explosão e não se sente em condições de trabalhar em favor de McVeigh.
Segundo Coyle, "não há como se encontrar um só advogado em Oklahoma que possa fazer uma defesa eficiente de McVeigh". Coyle sugeriu que o caso seja transferido para outro Estado.
Em Washington, o FBI afastou qualquer possibilidade de envolvimento no atentado do desertor do Exército preso no domingo na Califórnia. David Iniguez foi devolvido à Justiça Militar para ser julgado por deserção.
Além de Terry Nichols, o FBI espera ter em breve provas para indiciar também seu irmão, James Nichols, por posse ilegal de armas. Mais tarde, o FBI tentará vincular os dois irmãos à tragédia.
McVeigh, 27, trabalhou para James Nichols em sua fazenda no Estado de Michigan (região centro-norte oriental). Os irmãos Nichols participaram da organização paramilitar Milícia de Michigan.
O FBI também revelou terem sido descobertas no carro de McVeigh cartas em que o acusado prometia vingança contra o governo federal pela morte de cerca de 80 seguidores da seita Ramo Davidiano, em 1993.
O incidente, em Waco, Texas (região centro-sul ocidental), tem sido usado por líderes do movimento de milícias como exemplo de interferência indevida do Estado na vida dos cidadãos.
O líder da seita, David Koresh, era acusado pela polícia federal de porte ilegal de armas. Agentes do ATF (Escritório de Álcool, Tabaco e Armas de Fogo do governo federal) tentaram apreendê-las em fevereiro de 1993.
Na ação houve troca de tiros e quatro agentes morreram. O FBI cercou a sede da seita por 51 dias, exigindo a rendição de Koresh. Em 19 de abril, quando agentes federais começaram a invadi-lo, o prédio explodiu.
Pelo menos 71 pessoas morreram em Waco, entre elas 17 crianças. De acordo com a retórica dos líderes das milícias, Koresh tinha o direito tanto de se armar quanto de praticar sua religião e o incidente foi um massacre.
O FBI ainda revelou ontem que obteve um vídeo em que se vê a camionete usada na explosão do edifício federal em Oklahoma.
A caçada ao outro homem que, com McVeigh, alugou o veículo dias antes do atentado, prossegue em todo o país.

LEIA MAIS sobre o atentado na pág. 12.

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