São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ladrões mantêm sete reféns desde 2ª

LUÍS CURRO; FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA

Tropa de elite cerca casa no Paraná Três assaltantes mantêm sete reféns desde Segunda-feira e pedem carro-forte para fugir
LUÍS CURRO e FÁBIO ZANINI
As polícias Militar e Civil colocaram atiradores de elite ao redor da casa do empresário Roni Martin, em Marechal Cândido Rondon (564 km a oeste de Curitiba, PR).
A Polícia Militar não quis informar o número de atiradores de elite (pessoas especialmente treinadas para atirar com precisão) que estavam no local.
A casa estava ocupada por três assaltantes desde as 5h de segunda-feira, quando surpreenderam Martin e a mulher (leia quadro ao lado).
Dentro da casa, os assaltantes mantinham até as 18h de ontem sete reféns (entre eles, três crianças).
Para libertá-los, o grupo exigia em troca R$ 100 mil e um carro-forte para a fuga.
O superintendente da delegacia da cidade, Aquiles Cabral, 35, disse que a ordem para os 250 policiais que rodeavam a casa era não invadir o local. "A estratégia é vencer os assaltantes pelo cansaço."
O delegado Ricardo Noronha comandava, por telefone, as negociações com os assaltantes. Não houve, até as 18h de ontem, nenhum tipo de acordo.
Às 10h30 de ontem, a polícia chegou a sugerir aos assaltantes a troca dos reféns por uma promotora de Justiça. A proposta foi recusada.
Negociações
O secretário da Segurança Pública do Estado do Paraná, Cândido Martins de Oliveira, 54, confirmou a informação de que a casa não seria invadida.
"Estamos aguardando um contato dos sequestradores até a madrugada de amanhã (hoje). Caso ele não ocorra, vamos retomar as negociações", afirmou.
Para o período da noite, a polícia tentaria uma estratégia "de inquietação" para estimular os assaltantes a se render.
"Faremos barulho com sirenes e motores e carros arrastando latas", disse o tenente-coronel Honório Olavo Ortolini, 44, do 14º Batalhão da Polícia Militar.
Em entrevista veiculada ontem pela rádio CBN, de São Paulo, uma das reféns, Úrsula Kraemer, afirmou que "as crianças estão apavoradas".
Segundo ela, "a polícia não está colaborando" com os reféns (leia texto ao lado).
O advogado da família Martin, Sérgio Martinez, tem levado alimentos para todos que estão na casa. Ele afirma que os reféns "não estão feridos e passam bem".
Assalto
Na madrugada de anteontem, os assaltantes invadiram a casa de Roni Martin e renderam o empresário e sua esposa, Leina Reuter Martin.
Eles teriam exigiram US$ 500 mil do cofre da empresa Reuter Câmbio e Turismo, dirigida por Martin.
O empresário disse aos assaltantes que o cofre tinha duas chaves. A segunda estava com o tesoureiro da empresa, Elton Kraemer.
Um dos assaltantes foi com Martin até a casa de Kraemer, onde rendeu a família do tesoureiro. Todos voltaram à casa de Martin.
Reféns
Os assaltantes ordenaram a Martin e Kraemer que fossem até a empresa retirar o dinheiro do cofre, enquanto eles ficavam na casa.
Inicialmente, eram cinco reféns: Leina, Natália Reuter Martin (de nove meses), Úrsula (mulher de Kraemer) e os gêmeos Fabrício e Fabiano, de 7 anos (filhos de Kraemer).
Duas empregadas -Ana Paula Syperreck, 15, e Ivete Scheffer, 25-, que trabalham na casa, chegaram na manhã de anteontem e também foram dominadas.
Antes que Martin e Kraemer retornassem, a polícia recebeu um telefonema anônimo, falando que a casa do empresário estava sendo assaltada.
No começo da tarde de segunda, 200 policiais cercaram a casa. Desde então, o delegado Noronha passou ao comando das negociações, que prosseguiam até o final da tarde de ontem.

Texto Anterior: Ação contesta plano de saúde municipal; O NÚMERO; Brasileira é presa com cocaína em Chipre; Greve de médicos no CE completa 35 dias; Temperatura diminui no interior de SC
Próximo Texto: 'Ou o inferno ou o céu', afirma sequestrador
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.