São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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Governo é acusado de pagamento irregular

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) afirmou ontem que a Esca, empresa escolhida para gerenciar o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), continua recebendo pagamentos do governo mesmo depois da denúncia de que teria fraudado a Previdência.
Chinaglia apresentou documentos do Siaf (Sistema Integrado de Administração Financeira) que comprovam que após o dia 11 de abril -data da denúncia sobre a fraude da Previdência- a Esca recebeu quatro pagamentos que somam R$ 1,07 milhão.
Apesar de os pagamentos não se referirem a serviços do Sivam, o deputado afirma que esse procedimento é ilegal de acordo a Lei de Licitações.
A lei determina o corte de pagamentos caso a empresa cometa fraude contra a Previdência. Os pagamentos ocorreram nos dias 13 e 18 deste mês.
Denúncia
Chinaglia denunciou em 11 de abril que a Esca teria fraudado cerca de cem guias do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). Em nota oficial, o Ministério da Previdência confirmou a fraude, sem apontar culpados.
A denúncia levou à suspensão da assinatura dos contratos do Sivam, no valor de US$ 1,8 bilhão, tanto com a Esca quanto com a Raytheon -empresa norte-americana escolhida para fornecer os equipamentos do Sivam.
"Se a empresa está em débito com o INSS, ela não poderia estar recebendo pagamentos do governo, mesmo que relativos a outros contratos", afirma Chinaglia.
O deputado disse que irá entrar com mandado judicial para impedir que a União efetue outros pagamentos à Esca.
A empresa presta serviços para o governo na área do controle do tráfego aéreo.
Chinaglia disse também que o governo está antecipando pagamentos à Esca.
Ele afirmou que irá requerer à SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) um posicionamento se o contrato com a Esca está suspenso ou não.
"Maquiagem"
Chinaglia também denunciou que o governo está "maquiando" o Orçamento para pagar a Esca por serviços prestados no projeto.
Desde meados do ano passado, a empresa estaria trabalhando informalmente no Sivam, sem que haja um contrato assinado.
O deputado apresentou documentos do Siaf que comprovam que o governo tem previsão de fazer pagamentos à Esca no valor de R$ 2,2 milhões de abril a setembro relativos a serviços de "finalidade para aplicação no Sivam".
O código do documento, no entanto, se refere, de acordo com o Orçamento Geral da União, a pagamentos de "revitalização, implantação e ampliação do sistema Dacta" (Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo).
"Isto pode caracterizar crime contra a lei orçamentária", afirma Chinaglia.

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