São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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Governador aponta ligação entre polícia e crime

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O governador do Estado do Rio, Marcello Alencar (PSDB), disse ontem que a violência chegou "ao clímax" no Rio e que "muitos setores" das polícias Civil e Militar "se associaram ao crime".
Segundo o governador, as polícias estaduais serão renovadas.
"Dizer que a polícia está bem seria uma mentira. A polícia está em crise", afirmou ele.
O fracasso da política de segurança do governo estadual está irritando Alencar, que, desde a campanha, anunciava o combate ao crime organizado como prioridade de sua administração.
O governador demonstrou ontem crer que a população do Estado deverá ainda conviver bastante tempo com a violência.
"Não acho que haja soluções prontas para estes problemas", disse ele, em entrevista no palácio Laranjeiras (Laranjeiras, zona sul).
A evolução da Operação Rio 2 (criada pelos governos federal e estadual em convênio anticriminalidade) e a atuação do general Euclimar da Silva à frente da Secretaria de Segurança Pública do Estado estão desagradando o governador.
Alencar disse que não demitirá o general, mas que o aconselhou a evitar jornalistas.
"Não vou censurar publicamente meu secretário. Já recomendei a ele não fazer muita entrevista. Ele não é político. Não é homem muito preparado para atender imprensa", disse o governador Marcello Alencar.
Alencar reclama mais participação do Exército e da PF (Polícia Federal) na Operação Rio 2.
"Eu desejaria a presença maciça das Forças Armadas nas ruas e no território do Estado. Mas elas agem com cautela, sobre planejamentos, em observância de hierarquias", disse.
O governador afirmou que se reunirá com o superintendente da PF no Rio, Eleutério Parracho, para averiguar se "os entendimentos" mantidos com o ministro da Justiça, Nelson Jobim, "estão em andamento".
Antes da assinatura do convênio que criou a Operação Rio 2, Alencar e Jobim acertaram a participação mais efetiva da Polícia Federal no combate à entrada de drogas e armas no Estado.
Para o governador, os militares e policiais federais serviriam para atenuar o déficit de 20 mil profissionais (11 mil policiais civis e 9.000 militares) existente nas polícias estaduais.
Ele disse que está treinando mil policiais civis que já foram aprovados em concurso.
"Hoje, nas ruas do Estado, temos apenas 8.000 policiais", disse o governador.

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