São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 1995
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PASSARELAS DO MUNDO MANTÊM SUAS DIFERENÇAS

EVA JOORY
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a entrada maciça de São Paulo no mundo fashion, é inevitável a comparação com os desfiles realizados em Paris, Milão e Nova York.
"Reconhecida capital da moda, Paris retém para ela todo o glamour", diz Costanza Pascolato. Para ela, é a cidade que funciona como o laboratório de idéias que vão dar o tom das futuras criações mundiais.
"O que talvez falte em Milão", avalia, "seja mais variedade e glamour no conjunto dos acontecimentos de moda. A cidade é poderosa mas pequena".
"O Brasil herdou o jeito de fazer desfiles dos anos 80: "O desfile-espetáculo é uma tendência bem anos 80, velha. Faz-se isso aqui porque não há tanta roupa assim para mostrar'"Entre Paris e São Paulo a diferença básica está na qualidade das roupas. Aqui os desfiles parecem mais shows, têm artifícios inúteis que acabam escondendo a roupa", diz Paulo Martinez, editor de moda da "Elle".
As modelos brasileiras são o alvo da editora de moda da "Revista da Folha", Patricia Carta, e do estilista Alexandre Herchcovitch. Para Patricia, "elas não sabem andar, estão sempre fora de sincronia, seja com as roupas, seja com a música. No mesmo desfile se vê uma modelo marchando e outra quase dormindo. Isso deixa o desfile sem ritmo", reclama.
Herchcovitch diz que "em Paris as modelos andam descalço ou com salto de 15 cm com a mesma classe. Aqui a falta de competição faz com que elas relaxem com o próprio visual, pensando que vamos aceitá-las".
O produtor de desfiles Paulo Borges tem outra interpretação: "Aqui não existem tantos estilistas com personalidades tão definidas, por isso é difícil pensar no conceito de um desfile. Em Paris o público já sabe o que esperar de tal estilista. De modo geral não vejo diferenças de nível profissional".
A competição acirrada e o desejo de atrair cada vez mais compradores move o circo da moda na Europa e nos EUA. As cidades apontam suas diferenças desde a entrada, até o jeito como as roupas são apresentadas.
Atrasos e desorganização na entrada provocam o estresse de quem está trabalhando: "O mais irritante é ver que as pessoas que estão trabalhando não sabem nem conhecem os profissionais.
Em Paris chegou-se a ponto do trabalho não dar mais prazer, tornando-se desagradável", conta o fotógrafo Fernando Louza, acostumado a trabalhar nas temporadas há 15 anos. "Em São Paulo é igual; profissionais sem convites ficam de fora enquanto descolados são postos para dentro".
Martinez também acredita que os convidados em São Paulo deveriam ser escolhidos com mais critérios: "Além da entrada, tanto aqui como em Paris, que é uma zona pela falta de civilidade dos seguranças, em São Paulo ainda temos toda a sorte de infortúnios com relação aos convidados; nos desfiles a gente vê desde boys até personalidades televisivas ou amigos de fulano".

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