São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Computador coloca motorista na rota certa

BETSY WADE
DO "TRAVEL/THE NEW YORK TIMES"

Para quem precisa dirigir em uma cidade desconhecida, o sistema computadorizado de orientação disponível em alguns carros de aluguel é uma mão na roda.
Em fevereiro, aluguei na Avis de Los Angeles um Oldsmobile 88 equipado com o sistema Guidestar.
Acabei tão dependente de sua tela, sua voz e seus "bips" que me senti desnorteada quando o sistema enguiçou temporariamente.
A tela do computador está instalada em um aparelho do tamanho de uma agenda, fixado no painel de instrumentos do carro por uma espécie de apoio dobrável.
Uma instalação exótica fica embutida no porta-luvas, mas a parte visível do aparelho é fácil de operar, com sete comandos frontais.
No estacionamento da locadora, virando uma chave lateral, ligo a tela de quatro polegadas e ela exibe uma advertência: não devo tentar ler as letrinhas da tela ou apertar botões enquanto o carro estiver em movimento. Com um toque na tecla "enter", aparece um menu.
Você pode escolher seu destino por "endereço", "trevo" ou "entrada/saída de auto-estrada". Também há uma seleção de "pontos de interesse". Mas, como não inclui Watts Towers e La Brea Tar Pits, não é muito primorosa.
Para traçar uma rota, o procedimento é o seguinte. Se você destaca o item "endereço" e aperta o "enter", o menu oferece uma lista de cidades em ordem alfabética.
Para escolher uma delas é preciso apertar de novo o "enter". Surge então uma lista de ruas.
Quando a seleção está completa e o endereço inteiro aparece em um quadro na tela, há três possibilidades a escolher: "caminho mais rápido", "usar auto-estradas" e "evitar auto-estradas".
O dispositivo então guia o usuário utilizando mapas (cuja escala pode ser modificada), setas, voz e "bips".
O melhor de tudo é a "memória", opção à parte no menu. Ela armazena os lugares em que você esteve e planeja seu retorno de onde você estiver.
Teste
Para testar o Guidestar, convoquei um amigo e encarreguei-o de dirigir por dois dias, enquanto eu estudava a tela mais atentamente.
Embora o aparelho seja basicamente destinado a solitários motoristas em viagens de negócios, funciona melhor para quem viaja com um navegador humano.
O sistema identifica a posição do carro alugado utilizando o Global Positioning, um sistema militar que opera com 24 satélites.
A posição do carro é progressivamente corrigida e checada pelo computador; o cálculo de posição se baseia em direção e velocidade.
Desse modo, a posição é incorporada à rota mesmo quando o carro está em túneis ou garagens.
Os cálculos demoram cerca de um minuto. Quando estão completos, a tela exibe um mapa no qual uma linha púrpura marca a primeira parte da rota.
No pé da tela, aparecem a distância até o destino final e sua posição na bússola. Esses dados são corrigidos durante o percurso.
Assim que o carro entra na rota, surge uma "tela de manobras".
Ela tem fundo preto e uma seta amarela grande, que pode ser reta ou curva e mostra a próxima manobra a fazer: virar à direita, virar à esquerda ou seguir em frente.
A seta pode ser visualizada com o rabo dos olhos, num relance. O aparelho emite "bips" e uma voz masculina diz, por exemplo, "vire a próxima à esquerda".
Quando o carro está a cerca de 320 metros do ponto indicado, um termômetro aparece abaixo da seta, encolhendo à medida que o carro se aproxima do ponto determinado. Quando este é alcançado, o aparelho emite um "bip" duplo.
Se você deixa de virar conforme a indicação, perde a rota e continua em uma pista secundária quando deveria estar entrando em uma auto-estrada, a seta grossa desaparece e dá lugar ao mapa.
Este indica como retornar à rota original e ainda oferece a oportunidade de escolha de uma nova rota.
Falhas
Seguimos para 11 destinos diferentes e o sistema enguiçou duas vezes, sempre por pouco tempo.
Nenhum botão conseguia fazê-lo funcionar, mas bastou que o aparelho e a ignição do carro fossem desligados e religados para que tudo voltasse ao normal.
Depois, o sistema enguiçou quando pedimos que fornecesse uma rota até um trevo -aparentemente inexistente.
Desligar tudo não funcionou dessa vez; então, abrimos o porta-luvas e demos uma leve pancada no computador. O sistema voltou a funcionar.
O carro foi reservado com 30 dias de antecedência por meio de um agente de viagens em Nova York, sem qualquer indicação de que eu era repórter ou de que faríamos um teste.
Fui avisada de que o carro com navegador não poderia ser reservado, apenas solicitado. O agente sugeriu que eu chegasse ao balcão da locadora exatamente quando começam a ser cobradas as tarifas de fim-de-semana, ou seja, ao meio-dia de quinta-feira.
Comecei a rondar o balcão da Avis em Los Angeles por volta das 11h. Tinha a informação de que havia 20 carros disponíveis, embora a Avis agora afirme que são 75 no aeroporto de Los Angeles.
Finalmente, os funcionários da Avis preencheram a papelada e uma "van" me deixou ao lado do Oldsmobile, no estacionamento.
Havia chaves no porta-luvas, mas nada de manual para o sistema de navegação. Ruben Gonzalez, funcionário da Avis no estacionamento, dirigiu o carro até a loja e desenterrou um (42 páginas, a maioria de gráficos).
Por enquanto os carros com sistema de navegação só podem ser alugados na Avis e exclusivamente nos aeroportos de Los Angeles, San Francisco, San Jose e Miami.
Demetria Mudar, assessora da Avis, afirma que, segundo os números fornecidos pela matriz, há 75 desses carros em Los Angeles, 150 em São Francisco e San Jose juntas, e 70 no sul da Flórida.
Dada a limitação na oferta, diz Mudar, a locação dos carros funciona estritamente pelo sistema "quem chegar primeiro, leva".
Os próximos aeroportos a contar com o serviço serão os de Chicago, Detroit e Indianápolis.
Pelo uso do sistema, no caso de um Oldsmobile, cobra-se uma taxa adicional de US$ 5 sobre a tarifa normal. A taxa de fim-de-semana em Los Angeles ficou em US$ 42,95 por dia, durante três dias.
Segundo a empresa que criou o programa Guidestar, a Zexel USA Company, de Farmington, Michigan, existem hoje três mapas e bases de dados.
O primeiro, que cobre toda a Califórnia (e traz Las Vegas, de quebra), é distribuído para aluguel nas regiões da Califórnia.
O segundo, distribuído em Miami, cobre as rodovias interestaduais na Flórida, mais Orlando, Miami e Atlanta.
O terceiro, a ser utilizado nas locadoras de Chicago, cobre Michigan, Chicago e redondezas, Indianápolis e as rodovias interestaduais que as interligam.
A locadora Hertz chegou a anunciar a operação do mesmo sistema, mas ainda não dispõe dele.
Michael Rice, gerente de novos programas da Zexel, diz que a Rockwell International, da Califórnia, que constrói os aparelhos, fechou um acordo para vendê-los diretamente à Hertz.
O problema é que a Rockwell não tinha licença da Zexel e, desse modo, não pôde fornecê-los. A Avis comprou o sistema diretamente da Zexel.
Roger A. Stevens, gerente geral de eletrônica automobilística da Rockwell, confirma o episódio e diz que as negociações continuam.
Tradução de Lucia Boldrini

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