São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 1995
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Dom Luciano faz cobrança ao Congresso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No último dia que passou em Brasília como presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), D. Luciano Mendes de Almeida, cobrou ontem "agilização" do Congresso Nacional e defendeu apoio da sociedade ao governo através de "composição".
A eleição do novo presidente da CNBB acontece entre os dias 10 e 19 de maio, na 33+ Assembléia Geral da CNBB, em Itaici, distrito da cidade de Indaiatuba (SP).
Ontem D. Luciano viajou para Mariana (MG), onde é arcebispo. Dia 30 vai para a Cidade do México para reunião da Celam (Conselho do Episcopado Latino-Americano).
Ao pedir maior participação dos "segmentos organizados", ele disse que "a gente está acostumado a pensar que quem não é governo é oposição. Quem não é governo é sociedade. Pode haver composição". Ele afirmou que não se pode "deixar o governo sozinho, nem o governo deve se colocar sozinho".
Sobre o Congresso, D. Luciano afirmou que "defendemos uma agilização. Há leis que devem ser colocadas em ação: Lei de Diretrizes e Bases, Lei Orgânica de Ação Social, leis organizam a dimensão social da propriedade rural".
O presidente da CNBB cobrou do governo uma preocupação maior com a área social. "Reconheço que a estabilidade da moeda é um fator de tranquilidade. Mas a dimensão econômica tem que estar subordinada à promoção social".
Ele se encontrou com a primeira dama Ruth Cardoso na segunda-feira e disse que ela tem uma capacidade de reflexão notável. Mas na sua opinião, "o governo tenha ações sociaisclaras" fora do programa Comunidade Solidária, cujo conselho Ruth Cardoso preside.
D. Luciano, que ocupou a presidência da CNBB nos últimos oito anos e a secretaria-geral nos oito anos anteriores, não quis falar sobre as divergências entre conservadores e progressistas dentro da Igreja.
"Todos nós somos conservadores na parte doutrinal", disse. Sobre o aspecto político, ele afirmou que a "análise de Igreja é complicada".
Ele afirmou ainda que a Igreja tem se manifestado menos em questões políticas porque não é mais "a única voz", como na época do Regime Militar. "Temos que deixar os outros se posicionarem."
O vice-presidente da CNBB, d. Serafim de Araújo, disse que está procurando um nome de consenso para a presidência da CNBB, mas que ainda não se comunicou com ninguém para isso.
D. Luciano não quis dizer quem vai apoiar e fez uma brincadeira: "Meu candidato será um bispo".
A assembléia de Itaici vai eleger o presidente, o vice e o sercretário-geral da entidade, além do representante no Celam e dos membros do conselho episcopal e doutrinal.

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