São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 1995
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Tribunal aceita denúncia contra McVeigh

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Um juiz federal decidiu que há evidência suficiente para Timothy McVeigh ser indiciado como responsável pelo atentado de 19 de abril em Oklahoma City e que o acusado deve aguardar julgamento sem direito a fiança.
A decisão do juiz Ronald Howland ocorreu após audiência de quatro horas e meia na prisão federal de El Reno, subúrbio de Oklahoma City, na qual foram citados diversos testemunhos que incriminam McVeigh.
Segundo um deles, McVeigh foi visto à direção de um Mercury amarelo 1977, com um passageiro ao lado, saindo em alta velocidade de um estacionamento próximo do edifício detonado, minutos após a explosão.
McVeigh foi detido a cerca de 90 km de Oklahoma City duas horas depois no mesmo carro, sem placas. Ele estava sozinho.
O agente da polícia federal (FBI) John Hersley disse que sua principal missão agora é prender o homem que acompanhava McVeigh antes que ele possa "estourar outras bombas.
Ele acha que as placas do Estado do Arizona que estavam no Mercury podem agora estar sendo usadas pelo colega de McVeigh.
Timothy McVeigh, 27, pode pegar a pena de morte se for condenado. Ele não demonstrou emoções durante a audiência, segundo jornalistas presentes. O único momento em que aparentou algum interesse foi quando seus advogados mostraram manchetes de jornais sobre o atentado.
O juiz negou o pedido dos advogados Susan Otto e John Coyler Terceiro para deixarem o caso. Eles foram apontados defensores públicos de McVeigh.
Otto e Coyler dizem ter perdido pelo menos dez amigos no atentado e não ter condições de defender o acusado de tê-lo praticado.
O juiz também indeferiu solicitação deles para que o caso contra McVeigh seja julgado em outro Estado, e não em Oklahoma.
O outro suspeito do atentado ainda não foi localizado. O FBI negou ontem que sua identidade já tenha sido estabelecida. Anteontem, a rede de TV ABC informara que o FBI sabe quem é o suspeito, mas não pode divulgar seu nome.
No Senado, o diretor do FBI, Louis Freeh, prestou depoimento à Comissão de Justiça e alertou o país para a possibilidade de novos atentados terroristas de grupos de extrema direita.
O senador Bob Kerrey, do Partido Democrata (do governo), acusou jornalistas e políticos de direita de criarem "um clima de ódio ao governo que torna o terrorismo justificável para alguns.
A secretária da Justiça, Janet Reno, disse que mesmo com as novas leis antiterrorismo propostas pelo governo não será possível dar garantias ao público de que incidentes como o de Oklahoma não se repetirão.
O FBI investiga diversos assaltos a bancos ocorridos nos últimos meses na região centro-sul oriental do país. Eles podem ter financiado a explosão de Oklahoma City.
McVeigh e seus associados James e Terry Nichols gastaram desde 1992 milhares de dólares em armas, munições e matéria-prima para explosivos, embora dois deles (McVeigh e Terry) não tivessem ocupação fixa.
Os três estão presos em Estados diferentes: McVeigh em Oklahoma, James Nichols em Milan, Michigan, e Terry Nichols em Wichita, Kansas.
McVeigh é o único acusado pelo atentado. Os irmãos Nichols são acusados de conspiração para fabricar explosivos com McVeigh. O FBI acha que pelo menos mais duas pessoas estavam envolvidas na conspiração.

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