São Paulo, sábado, 29 de abril de 1995
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Mestiças são favoritas dos fotógrafos

THAÍS OYAMA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Mestiça são favoritas dos fotógrafos
Modelos descendentes de brasileiros têm formas generosas e traços orientais
Por serem mais altas e fotogênicas que as japonesas, são solicitadas para anunciar produtos que pedem rosto oriental.
As mestiças, fruto dos casamentos nipo-brasileiros, vieram para solucionar uma questão que atormentava o mercado publicitário japonês: as modelos ocidentais, louras e sensuais, eram perfeitas para vender moda e perfume, mas não serviam para anunciar sabão em pó ou margarina.
Certos produtos pediam modelos com as quais a consumidora japonesa pudesse se identificar. Uma loira ou mulata teria muito mais dificuldades em convencer uma dona-de-casa japonesa sobre as qualidades de uma marca de arroz do que uma modelo que realmente parecesse entender do assunto. Ou seja, uma oriental.
O problema é que as japonesas, com seus traços de pouco relevo e perfil difícil, davam trabalho extra às câmeras e fotógrafos. Além da baixa estatura, o mercado publicitário considerava suas pernas insuficientemente longas, assim como seus braços e nariz.
As mestiças resolveram a questão: traços devidamente japoneses, corpo agradavelmente mais encorpado. Deu certo.
Chamadas "harufes" (do inglês "half", metade), elas só competem no mercado com as mestiças havaianas e americanas. "Mas ganham em extroversão e simpatia", diz Hiroe Nakabayashi, representante da Urban Agency no Brasil, agência japonesa especializada em mestiças.
A Urban, há três anos no Brasil, já lançou dez mestiças brasileiras no Japão. Andréa Yuriko Miyaoi, 23, ex-contratada, é filha única de pai japonês e mãe descendente de italianos. Depois de trabalhar por três anos no Japão, voltou ao Brasil em 94.
Andréa pensa em retomar a carreira no Japão. "As agências daqui querem ou brasileiras ou japonesas de verdade. Não tem espaço para mestiças. No Japão a gente faz sucesso."
(TO)

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