São Paulo, sábado, 29 de abril de 1995
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Brasileiro pesquisa folclore

JACKSON ARAÚJO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Para incentivar a produção nacional de novos filmes, o Ministério da Cultura promoveu no ano passado o concurso "Resgate do Cinema Brasileiro", que premiou vários roteiros. Eles serão produzidos com a verba existente na conta da extinta Embrafilme.
Entre os vencedores está o diretor Djalma Limongi Batista com o filme "Bocage, O Triunfo do Amor".
Filmado no Ceará, Foz do Iguaçu, Nova Jerusalém, São Paulo, Congonhas do Campo e Portugal, o filme, sem estréia prevista, narra as aventuras de Bocage e sua busca pela liberdade de amar.
Para criar o figurino do clima erótico-romântico da poesia de Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805), Limongi convocou o estilista Lino Villaventura, que pela primeira vez trabalha em cinema.
Em três meses, Villaventura, 43, realizou pesquisas em livros de arte sacra, de jóias portuguesas, de indumentária do século 18 e no vestuário do folclore nordestino, com ênfase no bumba-meu-boi do Maranhão e no reisado do interior cearense.
"Usei referências brasileiras para não fazer figurinos e época semelhantes aos do cinema europeu ou americano", diz Villaventura, que mistura renda, tafetá, veludo, brocado, canutilho de cristal, escamas de peixe, barbante e borracha.
A mistura de materiais é marca registrada do estilista, que dribla o baixo orçamento e defende que "luxo e sofisticação não dependem só dos materiais nobres".
Assim, as jóias em formato de filigrama ostentadas pelos nobres portugueses da época foram elaboradas com sucatas de bijuteria, resina e tinta dourada. Espetos de madeira pintados são usados no lugar de penas e escamas de peixe substituem os paetês.
Uma das caracterizações mais sofisticadas do filme é a de Nossa Senhora da Glória. Em Fortaleza, onde fica seu ateliê, Villaventura já confeccionou cerca de 800 trajes para os principais personagens e figurantes, com equipe de 15 assistentes, entre modelistas, bordadeiras e costureiras.
(JA)

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