São Paulo, sábado, 29 de abril de 1995
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Ex-militares refugiados invadem Ruanda

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Ex-soldados voltaram a Ruanda de um campo de refugiados no Zaire, trocaram tiros com tropas do governo ruandês e retornaram ao Zaire, onde dispararam morteiros sobre outros refugiados ruandeses.
Segundo Ray Wilkinson, porta-voz do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), um esquadrão de ex-soldados atravessou a fronteira na noite de quarta da região de Goma (leste do Zaire) para Ruanda.
"Eles se chocaram com uma unidade do Exército Patriótico de Ruanda (EPR)", disse Wilkinson. O Exército é o sucessor da rebelde Frente Patriótica Ruandesa, que tomou o poder no ano passado.
Os soldados invasores pertenciam supostamente à etnia hutu, derrubada do poder. O EPR é controlado pela etnia tutsi.
No choque morreram um dos soldados do EPR e dois invasores. Depois eles cruzaram a fronteira de volta ao Zaire e lançaram três morteiros sobre o campo de Kibumba, na região de Goma, habitado por hutus ruandeses.
Hutus fugiram para campos de refugiados dentro e fora de Ruanda temendo represálias por massacres de mais de 500 mil pessoas na guerra civil em 1994, a maioria tutsis e hutus moderados.
O Zaire, para onde fugiram cerca de 1,2 milhão de ruandeses, diz que os campos de refugiados no país estão sob controle de guerrilheiros hutus radicais.
O governo de Ruanda ordenou que todos os hutus em campos no país voltassem a suas aldeias de origem, sob alegação semelhante.
Tropas ruandesas são acusadas do massacre de cerca de 5.000 hutus que se recusavam a deixar o campo de Kibeho (sudoeste). A ONU enviou diplomata ao campo para investigar as acusações.
Os últimos 500 refugiados no campo se recusam a abandoná-lo e pedem para ir para o Zaire, temendo ser atacados ao voltar para suas regiões de origem.

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