São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995
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Grupo do MR-8 cria PCR

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos mais antigos grupos entre os que se reivindicam de esquerda no país, o MR-8, acaba de sofrer uma divisão.
Uma ala, com base principalmente no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em Pernambuco, deixou o agrupamento para fundar o Partido Comunista Revolucionário (PCR).
As acusações que resultaram no rompimento tem uma verniz político, mas resvalam também em acusações envolvendo verbas da organização.
"Nós não podíamos continuar aceitando o oportunismo de direita no movimento comunista", afirma o jornalista Marco Antônio Villela dos Santos, 40, porta-voz dos dissidentes.
O grupo que saiu do MR-8 reclama também da "falta de discussão política" que seria imposta pela cúpula e do alinhamento automático que o MR8 tem mantido com o PMDB nos últimos anos, principalmente com o ex-governador paulista Orestes Quércia.
Gatos pingados
"Saíram meia dúzia de gatos pingados que não entenderam que a emancipação nacional exige todas as alianças possíveis", rebate o jornalista Cláudio Campos, secretário-geral do MR-8, 47, ao justificar os alinhamentos políticos da organização.
Campos afirma ainda que os adversários internos nunca expressaram divergências enquanto estavam no MR-8. "Eles não fizeram nada e não suportaram a complexidade cada vez maior das tarefas políticas", declara.
Embora rompidos, os dois grupos não revelam divergências ideológicas e professam a irrestrita admiração por Stálin. A separação das duas alas foi marcada por boatos de que a briga passava também pela posse de bens materiais.
"Sempre existem questões nesse campo, mas isso não é o principal", desconversa Santos. "É lógico que isso não passa de intriga", responde Campos.
Em outros partidos de esquerda ou extrema-esquerda, o MR-8 não é considerado um aliado potencial devido aos seus vínculos com o PMDB.

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