São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995 |
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'Invasores' ameaçam arquivos da Unicamp
FRANCISCO CELSO JORDÃO
"Cracker" é a pessoa que invade redes de computadores e destrói os arquivos ou rouba dados. Diferencia-se do "hacker", que invade sistemas para apontar falhas na segurança ou fazer brincadeiras. Mesmo que haja proteção, por exemplo, na Física, se o "cracker" conseguir "entrar" na Matemática ele chega na Física porque a rede é interligada. O maior problema ocorre nos departamentos que não são da área de exatas, segundo constatação feita anteontem pelo superintendente do Centro de Computação da Unicamp, Hilton Silveira Pinto, 52. O "hacker" M.A., 21, -o primeiro caso descoberto de um estudante da universidade que invadia computadores- disse à Folha que é muito fácil entrar nos sistemas de todas as instituições acadêmicas do país. "Quem nunca mexeu em um computador aprende a invadir sistemas em um mês. Eu faço isso em 30 segundos", afirmou. "Não existe, a rigor, nenhum sistema totalmente seguro. O que fazemos é dificultar o acesso dos criminosos", diz Deni Getschko, 42, coordenador de informática da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). A Fapesp coordena a Ansp -sigla inglesa para Rede Acadêmica de São Paulo-, que interliga 5.000 computadores de cerca de 50 instituições de SP e as liga à Internet (rede mundial de computadores interligados), que é a principal "via de acesso" dos "crackers" às redes mais seguras. Nos dias 16 e 17 de abril, um "cracker" destruiu os arquivos de computador de três faculdades da Unicamp e do Núcleo de Monitoramento Ambiental da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias). Os arquivos destruídos nas duas instituições não foram recuperados. Eles foram recolocados na rede porque existiam cópias. A Embrapa terminou anteontem de recolocar os dados no sistema. Ao todo, a Unicamp conta com cerca de 200 departamentos e 19 institutos e faculdades. A Unicamp possui cerca de 3.000 computadores e 7.000 estudantes usando o sistema operacional (um programa responsável pelo funcionamento do computador) Unix, que é utilizado em aulas e para toda a produção científica. Segundo Silveira, o sistema Unix é o mais vulnerável por ser um sistema voltado para a área científica. Os dados administrativos e as informações sobre o vestibular não correm risco porque estariam armazenadas em computadores com sistemas operacionais mais seguros. (Francisco Celso Jordão) Texto Anterior: Detran estréia Disque 900 na terça-feira Índice |
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