São Paulo, domingo, 30 de abril de 1995 |
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Novo vírus-escorpião ataca lagartas
JOSÉ REIS
Bishop trabalha no Instituto de Virologia e Microbiologia Ecológica da Oxford e teve de debater em público suas experiências em vista da preocupação geral que elas causavam pela possibilidade de propagação do vírus às lavouras distantes. Ele afirmou que o vírus só é ativo contra a praga para que foi desenvolvido, a Trichoplusia ni. O receio público era quanto ao alastramento do vírus a outras lagartas e de seu cruzamento com outros vírus. Bishop explicou que o vírus natural não é patogênico para outras espécies, só afetando a T.ni. Ele borrifou um lote de couve suscetível ao T.ni com o vírus modificado, que aplicou também em couve parasitada por outra espécie de lagarta, a Mamestra brassicae. A experiência mostrou que, em doses usualmente aplicadas, o vírus matou 90% das lagartas ni e menos de 1% das outras. Quando a dose era multiplicada por cem, o número das outras lagartas ainda era de 15%, o que, na opinião do pesquisador, era insignificante do ponto de vista ambiental. O vírus-escorpião não tem muita possibilidade de multiplicar-se ou persistir no ambiente, ao contrário do vírus natural ou selvagem, porque a lagarta atacada por ele age muito mais velozmente do que o vírus natural e por isso tem muito menos tempo para se multiplicar. Ele produz apenas 10% das partículas produzidas pelo vírus natural, e logo depois morre. Também contribui para a "inocuidade" do vírus-escorpião não produzir ele quitinase, enzima que dissolve o revestimento do inseto. O vírus natural tem essa enzima e assim, quando mata a lagarta, é facilmente espalhado e atinge outras lagartas. As lagartas atacadas pelo vírus-escorpião são imediatamente paralisadas e caem ao solo, ficando pois longe de outras lagartas. Além disso, quando o inseto morre, o vírus não escapa porque fica enclausurado no corpo da lagarta. Bishop procurou adicionar ao vírus algo que impeça que ele escape do inseto morto. Uma das saídas é destruir o gene que produz a quitinase. Mas nem essas precauções convenceram os céticos, que alegaram que, se o vírus escapasse, seria impossível erradicá-lo, uma vez que ele logo atingiria outras áreas. Bishop argumentou que nos levantamentos por ele e outros realizados nas cercas e nas lavouras vizinhas jamais se registrou a presença de lagartas mortas pelo vírus-escorpião. E essas buscas já duram oito anos. Em conclusão, Bishop está convencido de seus resultados e acha que os biopesticidas são alternativas muito úteis em relação aos pesticidas químicos comuns. Texto Anterior: MULTIUSO; SANTO REMÉDIO; PESO-PESADO Próximo Texto: Professores ignoram extensão Índice |
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