São Paulo, segunda-feira, 1 de maio de 1995
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Investir em dívida externa rende lucros

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Investir em títulos da dívida externa brasileira, negociados no mercado internacional, foi um ótimo negócio no mês de abril.
No mercado financeiro brasileiro, estas aplicações são feitas através dos Fundos de Investimentos Estrangeiros (FIE), que entre os dias 3 e 27 do mês passado registraram rentabilidade entre 5,92% e 18,95%, de acordo com a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
A rentabilidade destes fundos está diretamente relacionada à confiança que o mercado internacional deposita no futuro econômico do país. O valor do título é expresso sempre como um percentual sobre o valor de face. O mercado paga mais por um título de dívida externa quando acredita que o país emissor tem boas perspectivas econômicas.
Um exemplo concreto foi o efeito da crise mexicana -que começou dia 20 de dezembro passado- no valor pago pelo título da dívida brasileira C-Bond.
O ``fundo do poço" para este título foi no dia 9 de março, quando seu valor no mercado chegou a 32,9% do valor de face. Em 15 de dezembro, o mercado pagava por um C-Bond 52,7% do valor de face. Na quinta-feira, o C-Bond fechou a 43,63%.
Segundo norma do Banco Central, 60% da carteira de um FIE deve ser formada por títulos da chamada dívida externa brasileira soberana -papéis que têm garantia da União, como o C-Bond.
Os demais 40% podem ser aplicados em qualquer outro título negociado no mercado internacional.
``Abril foi o mês da virada, daqui para frente a perspectiva é bem melhor para os papéis da dívida brasileira", diz Marta Camargo, diretora-adjunta de Investimentos do Unibanco em Nova York.
Segundo ela, o que pode atrapalhar esse cenário favorável ao Brasil é uma eventual crise argentina.
Fábio Vidigal, diretor da Área de Administração de Recursos do banco Patrimônio, considera que os papéis da dívida brasileira estão baratos, por causa da desvalorização a partir da crise mexicana.
``Mas nesse momento os papéis brasileiros são boa opção, eles ainda têm espaço para valorização."
Alguns fundos não entram na contabilidade da associação.
No ranking dos FIE da Anbid, o Unibanco aparece em primeiro lugar em rentabilidade, com rendimento acumulado de 18,95%, entre os dias 3 e 27 de abril.
Em segundo, aparece o Boavista, com rendimento de 16,43%, seguido do CCF (14,23%) e Banco do Brasil (10,65%).
O Bradesco é o primeiro colocado em patrimônio, com R$ 17,6 milhões. O BBA é o segundo (R$ 5,1 milhões).

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