São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995
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Fazenda de Brasília produz 'leite verde'

CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um produtor de leite de Brasília garante "qualidade de vida" para o seu rebanho, tratando as vacas com fitoterapia (plantas medicinais) e remédios homeopáticos, além de alimentos produzidos sem agrotóxicos.
As 25 vacas "naturebas" da fazenda Malunga, a 70km do centro de Brasília, tomam beladona (planta com propriedades diuréticas) para combater a mastite (inflamação na mama).
Contra a verminose, a Malunga fornece às vacas folhas de bananeira. Para evitar os carrapatos, a fazenda aplica nos animais um extrato de fumo.
"Dá trabalho, mas o resultado se reflete na qualidade do leite", diz o proprietário da fazenda, Joe Carlo Valle, 30, que chegou a dar bolinhas de beladona de meia em meia hora para uma vaca com mastite.
"É fácil, basta colocar do lado de trás da boca, onde não há dentes", ensina.
Segundo ele, o rebanho não tem novos casos de mastite há cinco meses.
Para combater os carrapatos, ele aplica semanalmente nos animais uma solução com fumo de corda, álcool e chá de capim meloso, diluída em água.
Como vermífugo, folhas de bananeira são misturadas à ração. Nos casos mais graves, o produtor usa uma pasta composta de alho e enxofre.
Os únicos remédios não-naturais admitidos na fazenda são as vacinas contra brucelose, tuberculose e febre aftosa, obrigatórias na região.
A ração do gado é preparada com os vegetais produzidos na fazenda, em pastagens e lavouras isentas de agrotóxico.
As vacas consomem diariamente 40 quilos de ração, cada uma, entre pastagem natural e uma mistura de milho, alfafa, sorgo e capim elefante.
As mais produtivas recebem suplementação de soja e milho.
A água da fazenda é tratada com micronutrientes minerais marinhos.
"Elas competem de igual para igual com as vacas que recebem hormônios para produzir mais", diz Joe Valle.
A produção diária da fazenda é de 300 litros de leite que ele chama "verde" ou "orgânico". A média de produtividade é de 12 quilos/vacas/dia.
Depois de pasteurizado e ensacado na própria fazenda, o leite é vendido em lojas de produtos naturais da cidade a R$ 0,95 litro.
Uma experiência semelhante à da fazenda Malunga está sendo realizada pela Associação Cambará, em Botucatu (SP).
Lá, um grupo de produtores de leite está montando um laticínio dentro dos princípios da agricultura biodinâmica.

LEIA MAIS
Sobre a fazenda orgânica na pág. 6-4

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