São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995 |
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Supersena faz apostador recorrer ao 'além'
PATRICIA DECIA
Ajudado pela mulher, filhos e netos, o polidor desempregado Francisco Vicente de Carvalho, 69, acendia velas às 14h30 de ontem na igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados, na Liberdade (centro de São Paulo). Um dos pedidos: ganhar na Supersena. `Sou um homem religioso. Nunca tinha pedido esse tipo de coisa, mas desta vez cismei", diz Carvalho, devoto de Nossa Senhora Aparecida e São Judas Tadeu (padroeiro das causas perdidas). ``Se eu ganhar, vou abrir uma oficina e comprar uma fazenda no interior", afirma o polidor, que gastou R$ 10 em dez cartões com seis dezenas. Visitando a igreja pela primeira vez, a dona-de-casa Maria Gonçalves, 50, disse que estava ``pedindo uma forcinha" para ganhar o prêmio milionário. ``Eu ia passar o resto da minha vida passeando. Quero muito conhecer a cidade de Curitiba", afirmou. Maria diz que pretende acender mais velas em casa enquanto assiste ao sorteio pela televisão. ``Se não ganhar dessa vez, na semana que vem estou aqui na igreja pedindo de novo. Um dia as almas vão me ajudar." A igreja das Almas têm dois pavimentos específicos para quem vai acender velas e fazer pedidos. Ontem, recebeu mais fiéis do que a igreja da padroeira dos endividados, Santa Edwiges. A igreja da santa, no Ipiranga (zona sul), ficou vazia durante a manhã. ``Segunda é o dia tradicional de visitas à igreja das Almas. As pessoas vão lá porque ela representa todos os santos", explicou o monsenhor Arnaldo Beltrami, vigário episcopal de comunicação da arquidiocese de São Paulo. Segundo Beltrami, a igreja católica não considera pecado recorrer aos santos para pedir dinheiro. ``Condenar esses pedidos seria mais uma exclusão. Se o povo quer dinheiro, é porque já foi excluído da renda nacional. Seria o máximo a igreja punir alguém que deseja um milagre", disse. Sem pedir diretamente aos santos, Joel Nunes Carrel, 20, aproveitou a porta da igreja de São Judas Tadeu, no Jabaquara (zona sul), para concorrer à Supersena. Foi lá que ele comprou três apostas já prontas de um vendedor. Carrel disse que aproveitou a presença do bilheteiro, já que não tinha tido tempo de jogar na Supersena durante a semana. ``Não fiz de propósito, só fui rezar um pouco, mas quem sabe a porta da igreja dá mais sorte e eu acabo ganhando mesmo", afirmou o analista de sistemas. Texto Anterior: Calor enche praias do litoral sul de SP Próximo Texto: Sorteio dos R$ 24,8 mi passa na TV às 9h de hoje Índice |
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