São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995
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Urbanista pesquisa os efeitos da industrialização sobre as moradias

FERNANDO ROSSETI
DA REPORTAGEM LOCAL

Partindo da pergunta ``como, quando e por que se processou a brutal transformação das condições de moradia da classe trabalhadora em São Paulo", Nabil Georges Bonduki, 40, mostra como a industrialização no Brasil teve como efeito colateral a degradação da habitação de grande parcela da população.
Em sua dissertação ``Origens da Habitação Social no Brasil - O Caso de São Paulo", Bonduki centra sua análise no período em que ocorreu o início do processo de industrialização do país: 1930-1954.
Mas esse recorte tem, além da determinação econômica, um viés político: é este o período conhecido como ``Era Vargas", dominado pelas idéias trabalhistas de Getúlio Vargas (1883-1954).
Até meados do século, explica Bonduki, a classe trabalhadora ``se abrigava em casas de aluguel produzidas em série ou pelo menos de forma mercantil por investidores privados, geralmente situadas na zona urbanizada".
A transformação foi a passagem para a periferia, em casas construídas pelo próprios trabalhadores.
Para isso, contribuíram diversas iniciativas governamentais -já que, no período, o problema da habitação passou da esfera privada para a social, segundo o autor.
Essas iniciativas, no entanto, não foram coordenadas -não teria existido uma ``política habitacional" do governo Vargas.
Para Bonduki, o governo interveio em três áreas principais: ``Na produção direta ou financiamento de moradias, na regulamentação do mercado de locações e na complementação urbana da periferia".
Para isso, foram editadas algumas leis -como a do Inquilinato (1942), que congelou por 22 anos os aluguéis. Embora ``vendida" como uma lei a favor dos trabalhadores, ela acabou desviando o grande capital imobiliário para outras áreas (industriais).
(FR)

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