São Paulo, terça-feira, 2 de maio de 1995
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Lama tibetano muda para o Brasil

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O lama tibetano Chagdud Tulku Rimpochê, 65, decidiu morar em Três Coroas (RS), de onde passará a dirigir os centros que seguem sua orientação em vários países.
Ele comprou um terreno no interior de Três Coroas para morar com a família. A construção de sua casa deve ser concluída em junho. Lá, o lama (mestre budista) ministrará lições de budismo.
Rimpochê (título que significa precioso) é abade (superior) do mosteiro de Chagdud Gonpa, no norte da Califórnia (EUA). Chagdud quer dizer anel de ferro e Tulku, renascido.
Ele morou na Índia depois que o Tibete foi invadido pela China, em 1959, e, estava radicado nos EUA havia 15 anos.
Segundo o presidente do Centro de Estudos Budistas, Alfredo Aveline, 46, ex-professor de física da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), com a transferência do lama para Três Coroas, a cidade passará a ser centro mundial do budismo tibetano, recebendo discípulos de vários países.
Vários países desejavam que o lama escolhesse seu território para morar, afirmou Aveline.
Ele escolheu o Brasil porque concluiu existir no país um conjunto de fatores -como a terra e as pessoas- favoráveis ao ensinamento do budismo.
Aveline, que hospedou o lama há duas semanas, disse que Rimpochê quer que suas atividades sejam ditadas pela vontade e demanda dos discípulos. O lama está fazendo palestras e lançando seu livro ``Portões da Prática Budista" no Rio Grande do Sul.
A palestra que fez em Porto Alegre no último dia 24 atestou que ele possui um bom número de seguidores entre os gaúchos. O auditório da Faculdade de Economia da UFRGS lotou e pessoas tiveram que sentar no chão para ouvi-lo.
O mestre budista contou que morava em um lugar isolado no Tibete e que só aos 26 anos conheceu o relógio. Quando lhe falaram da existência do telefone e da televisão, ele duvidou.
Ele usou seu exemplo pessoal para sustentar o argumento de que as pessoas só costumam acreditar naquilo que vêem e é familiar à sua experiência. O homem, segundo ele, tem poderes mentais e dons espirituais. Mas, por não exercitá-los, passa a descrer da existência deles.

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