São Paulo, quarta-feira, 3 de maio de 1995
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'O Corvo' transforma morte de ator em clipe

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

Alex Proyas fez carreira como diretor de videoclipes. ``O Corvo", seu primeiro filme -e o último do ator Brandon Lee-, arranca o máximo desta experiência.
A chamada ``estética do clipe" chegou ao horror em ``Fome de Viver" (1983), mas andava em baixa, após ser execrada no fim dos anos 80. Como ``Fome de Viver", ``O Corvo" é estilizado para a geração MTV, com pombas voando, atmosfera decadente, bandas de rock e sombras expressionistas.
A conexão ``dark" (sombria) inclui recitação de Edgar Allan Poe (``O Corvo", óbvio) e o ``look" de Brandon Lee, que parece saído de ``O Gabinete do Dr. Caligari" (1919), clássico expressionista alemão.
Mas Proyas não contava com a morte do filho de Bruce Lee durante as filmagens.
Em Hollywood, apenas John Landis teve experiência semelhante -com Vic Morrow, morto num acidente bizarro no cenário de ``No Limite da Realidade" (1983).
A cena que matou Lee aparece com grandiosidade. Não há como evitar o mal-estar, porque é o momento em que uma dúzia de coadjuvantes ri de sua morte.
Seu fantasma assombra a tela como o personagem que interpreta, repetindo ``você não pode me matar, porque já estou morto". ``Estou morto", como o ``Nevermore" da poesia de Poe.
As cenas de noite eterna e violência, iluminadas por reflexos de neon em poças de chuva, e a preferência de Lee por telhados de edifícios remetem a ``Batman".
``O Corvo" também é baseado num gibi (de James O'Barr). O curioso é que até a evidência musical do filme estava nos quadrinhos -embora apenas The Cure, das citações de rock do gibi, tenha chegado à trilha da adaptação.

Filme: O Corvo
Direção: Alex Proyas
Elenco: Brandon Lee, Michael Wincott
Distribuição: Warner (tel. 011/820-6777)

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