São Paulo, quinta-feira, 4 de maio de 1995
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Direitos de uma minoria; Exportações de Taiwan; Bolsas do CNPq; Filhos hoje; Orçamento da Criança; Fim da história; Alíquotas de importação; Preconceito; Por critérios técnicos

Direitos de uma minoria
``O ministro Paulo Paiva, que muitos consideram tímido, está demonstrando possuir a necessária ousadia para liderar um processo de mudança com base na razão e não na emoção. Sua tese é simples e inquestionável: de nada adianta entupir a Carta com direitos e mais direitos trabalhistas se estes são aplicados a uma minoria que diminui cada vez mais. Esse é um sério recado para os menos avisados que acreditam no `garantismo legal', ou seja, na falsa de tese segundo a qual quanto mais proteção se põe na lei mais pessoas serão protegidas. A realidade mostra que é o inverso. No campo do trabalho, quanto mais proteção legal menos pessoas são protegidas. Depois da Carta de 1988, em que se acrescentou vários novos direitos, o mercado informal explodiu e os camelôs espalharam-se pelas cidades brasileiras como um rastilho de pólvora. Ao propor a transferência dos direitos sociais para a legislação ordinária, como um piso e de forma transacionável, o ministro Paiva abre um amplo espaço para a negociação e para o contrato coletivo. Quem conseguir negociar diferentemente da lei, e para melhor, ótimo. Quem não conseguir, fica com o piso da lei."
José Pastore, professor titular da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Exportações de Taiwan
``Com referência ao artigo intitulado `Jornal de Collor culpa Taiwan por deposição' (25/4), venho pela presente dizer que a notícia do envolvimento do governo da República da China em Taiwan com o impeachment do ex-presidente Collor é totalmente sem fundamento. Para promover as relações comerciais entre nossos dois países o meu governo nunca fez uso de nenhum artifício ilegal. Se houve um aumento de 150% nas exportações de Taiwan para o Brasil, no primeiro ano do governo Itamar, foi devido à mudança da própria política brasileira, que liberou a entrada de produtos importados, principalmente na área de informática e eletroeletrônicos. Ao nosso ver, essa notícia é apenas mais um dos muitos boatos espalhados por alguns políticos que circulam em Brasília."
Louis Kuo Ruey Chou, diretor-superintendente do Escritório Econômico e Cultural de Taipé em São Paulo (São Paulo, SP)

Bolsas do CNPq
``A Folha publicou em 26/4 reportagem sobre os atrasos no pagamento das bolsas de estudo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e tecnológico (CNPq). É dada a versão do CNPq de que a culpa desses atrasos seria dos institutos e faculdades, que não teriam enviado os nomes dos contemplados no prazo. Essa afirmação não é verdadeira. A causa principal desse e dos demais atrasos está no CNPq. A estrutura desse órgão torna quase impossível o cumprimento de suas atribuições. Existem problemas graves que vão desde sobrecarga de trabalho de alguns funcionários, procedimentos burocráticos ineficientes e até o absurdo de documentos que chegam ao protocolo do CNPq e se perdem."
Alexandre Pimenta, doutorando do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Filhos hoje
``Em 20/4, fui contactada pela repórter Daniela Falcão para, na condição de mulher casada e sem filhos, prestar depoimento sobre uma pesquisa do Seade focalizando o aumento do número de casais sem filhos nos últimos anos, reportagem publicada em 21/4. Infelizmente, minhas declarações parecem ter sido mal interpretadas pela repórter. Como resultado, a minha imagem ficou desagradavelmente distorcida. Eu jamais disse que ter filhos é algo de insano, frase essa, aliás, usada pela Folha como título da entrevista. Falhou também a repórter ao dar às minhas palavras (as que falei e as que não falei) um tom pessimista, ácido, até depressivo. Saliento que se expressei uma certa preocupação quanto à dificuldade de criar filhos no conturbado mundo de hoje e de conciliar a maternidade com a carreira profissional, isso nada tem a ver com as chocantes frases como `ter filhos hoje é meio insano' e outras que me foram falsamente atribuídas."
Viviane de Arruda do Val (São Paulo, SP)
Resposta da jornalista Daniela Falcão - A dentista Viviane Arruda do Val, ao comentar sobre as dificuldades que casais com filhos enfrentam, disse que ``ter filhos no mundo de hoje é insano mesmo".

Orçamento da Criança
``Cumprimento o sociólogo Herbert de Souza pelo seu artigo sobre o Orçamento da Criança (2/5). É chegada a hora de intervir na cruel realidade que atinge as crianças e adolescentes que vivem nos grandes centros urbanos. Basta de chororô. É preciso que o governo tenha real compromisso com os direitos das nossas crianças."
Muna Zeyn (São Paulo, SP)

Fim da história
``O intelectual mais embaraçado do mundo deve ser Francis Fukuyama, que viu o `fim da história' no colapso da URSS. Sua teoria não reconheceu o grau de degeneração das grandes democracias, hoje não mais com as convicções necessárias para encher o vácuo deixado pelo fim do comunismo."
Hanns John Maier (Ubatuba, SP)

Alíquotas de importação
``Embora muito se tenha escrito a respeito da elevação das alíquotas dos produtos importados, com pesar e muita estranheza não li em nossa imprensa nenhuma manifestação crítica ao aspecto `ilegítimo' da medida governamental no que tange a seu alcance incidindo -como aspecto puramente punitivo- aqueles para os quais o objetivo proposto por ela não poderia alcançar: aos que já tinham efetuado o pagamento de sua negociação ao exterior."
José Carlos Mercio Pinho (Porto Alegre, RS)

Preconceito
``A análise feita por Clóvis Rossi da tragédia que acometeu a família Asaidi me surpreendeu (27/4). Como pode incorrer no erro que delata o preconceito? Se `uma parcela importante da sociedade israelense contribuiu e ainda contribui para a disseminação do preconceito antiárabe', também o fazem parcela dos franceses, dos alemães, dos ingleses (em sua maioria não-judeus) etc. Inclusive parcela da sociedade árabe também tem sua contribuição."
Andrea Michele Freudenheim (São Paulo, SP)

Por critérios técnicos
``A Petrobrás excluiu o Maranhão dos estudos que fez para a instalação de uma refinaria no Nordeste. Nada mais lógico que a refinaria fosse instalada no Maranhão, que está localizado entre o Norte e o Nordeste. Possui um porto profundo. Sua privilegiada localização o deixa mais próximo dos países produtores de petróleo. Existe no Estado uma grande e moderna ferrovia da CVRD, na qual os produtos refinados teriam fácil acesso aos Estados do Centro-Sul. O Estado possui inúmeras rodovias estaduais e federais, energia em abundância. Se tecnicamente o Maranhão não é viável, então um viva para o monopólio corporativista da estatal!"
José Geraldo Calmom de Almeida (São Paulo, SP)

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