São Paulo, sexta-feira, 5 de maio de 1995
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Sivam é desperdício de dinheiro, diz general

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O general da reserva Thaumaturgo Sotero Vaz, ex-chefe do Estado Maior do Comando Militar da Amazônia (88-91), criticou ontem o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
Ele qualificou o projeto de ``elefante branco" e afirmou que o governo irá ``desperdiçar" recursos caso leve adiante a proposta.
``O dinheiro destinado ao Sivam (US$ 1,4 bilhão) poderia ser usado para coisas mais prioritárias, como o combate à fome e à pobreza e na criação de empregos", disse o general em depoimento à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados.

Segurança
Sotero Vaz afirmou que ``a região Amazônica precisa sim é de políticas bem-definidas, e o Sivam não irá fazer isto". O que falta é uma política de segurança para a área", afirmou.
Ele defendeu o fortalecimento de órgãos do governo na região em vez de investimentos em ``dispositivos eletrônicos``.
Ele citou as más condições de trabalho na região fornecidas à Polícia Federal e do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
``O Sivam é um projeto de Primeiro Mundo numa área de sexto ou sétimo mundo", disse ele, referindo-se à falta de recursos da região.
O general afirmou que ``o projeto está hiperdimensionado para combater ilícitos como contrabando, narcotráfico, guerrilha e garimpos". Ele atribuiu a aprovação do projeto a interesses comerciais.

Imoral
O general questionou o fato de o governo não ter afastado nem punido a empresa escolhida para gerenciar o projeto, a Esca, quando soube que fiscais da Previdência encontraram em um dos escritórios da empresa, em dezembro, cerca de cem guias fraudadas.
Ele afirmou que seria ``imoral" o fechamento do contrato com a Esca. A assinatura do contrato está suspensa devido às denúncias contra a empresa.
``O governo não pode assinar o contrato (com a Esca), porque é ilegal", disse. Ele afirmou que ``a Esca é inidônea".
Segundo o general, uma empresa estatal deveria ser a responsável pela gerência de um projeto como o Sivam.
Sotero Vaz defendeu a punição da Esca. ``Ou nós temos lei ou nós vamos continuar no jeitinho", disse.
O general qualificou como uma ``monstruosidade" o fato de o governo querer manter o projeto.

Investigação
A comissão de Fiscalização e Controle da Câmara instalou ontem uma subcomissão para investigar o Sivam.
Através do Sivam, o governo pretende manter controle sobre o tráfego aéreo da região amazônica e obter informações relativas ao meio ambiente e recursos naturais, por satélite.

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