São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995
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Bikers brasileiros sofrem para chegar à Olimpíada

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

Muito sofrimento. Eis a fórmula dos atletas brasileiros que praticam o mountain bike para conquistar uma vaga na Olimpíada de 1996, em Atlanta (EUA).
O esporte, mistura entre o ciclismo de estrada e o bicicross -prova com obstáculos, como lama, água e areia-, chega aos Jogos Olímpicos pela primeira vez.
As provas do mountain bike (pronuncia-se ``maountain baique") incluem trilhas com aclives e declives em meio à natureza, por isso sua tradução se aproxima de ``ciclismo de montanha".
Por se desenvolver em terreno irregular e ainda exigir do ``biker", o ciclista, velocidade para ultrapassar os adversários, o esporte demanda grande esforço físico de seus competidores.
``Chego a perder de três a quatro quilos numa prova", disse a biker paulista Adriana dos Santos Nascimento, 19.
Para ela, a desidratação é um grande inimigo dos bikers. ``Levo comigo um litro de soro caseiro, feito de água, sal e açúcar."
``Nas provas longas, chego a carregar algumas frutas."
Há, claro, o desafio natural dos circuitos.
``A gente sofre muito. Cada hora é um terreno diferente, há lugares perigosos, como as descidas em piso esburacado e pedregoso. Você tem de controlar a bicicleta e o medo", contou Adriana.
``Há trechos em que a dificuldade é tanta que é preciso descer da bicicleta e correr com ela nas costas", afirmou o atual campeão brasileiro, Erivan de Lima, 30.
Não é à toa que a receita do técnico José Rubens D'Elia, proprietário da S21 Consultoria Esportiva, para vencer uma prova é ``força, resistência, domínio técnico do equipamento e saber administrar a capacidade de sofrimento".
Sofrido, também, é o caminho até os Jogos de Atlanta.
Segundo o diretor do Departamento de Mountain Bike da Confederação Brasileira de Ciclismo, Antônio Fernandez, primeiro é preciso uma boa colocação no Campeonato Brasileiro.
Isso valerá ao biker a oportunidade de participar do Mundial da Alemanha, em setembro.
Os 20 países melhores colocados no torneio alemão ganham duas vagas cada na Olimpíada para as modalidades masculinas.
Para o feminino, os 12 primeiros ganham duas vagas cada.

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