São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995
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Tank Girl ataca mundo pop e vira hype

EVA JOORY

EVA JOORY ; ERIKA PALOMINO
DA REPORTAGEM LOCAL

ERIKA PALOMINO
A Tank Girl ataca a cena pop. A personagem cult dos quadrinhos ingleses vira filme, livro, disco, capa de revista, estampa de camiseta, motivo de tatuagem e e-mail na Internet. Mais que isso: torna-se referência da cultura jovem em todo o mundo e, claro, já chega a São Paulo.
A Tank Girl é criação dos desenhistas ingleses Jamie Hewlett e Alan Martin (hoje com 26 e 28 anos), que a partir de 1988 passou a ser publicada na revista underground ``Deadline".
Uma menina invocada, ``com eternos 23 anos", vestida com roupas rasgadas, de cabeça raspada, piercings e brincos. Uma heroína urbana sem poderes especiais afora sua autoconfiança, inata agressividade e independência à toda prova. Sem falar do apelo sexual.
``Tank Girl", o filme, tem direção de Rachel Talalay (ex-assistente do rei do trash John Waters), figurinos de Arianne Phillips e Lori Petty no papel principal. Ela já foi a namorada de Keanu Reeves no filme ``Point Break" e a irmã de Geena Davis em ``Uma Equipe Muito Especial".
Mas ``Tank Girl", o filme, deixa a desejar. A interpretação é caricata, com diálogos tolos e figurinos datados.
A artista plástica Dora Longo Bahia, 33, fã da Tank Girl, acha que, com o filme, ``a imagem dela vai se popularizar mais. Mas ela continua marginal".
``O bom do surgimento da Tank Girl é termos uma heroína feminina que não é retardada, muito menos burra. Ela tem um jeito punk, agressivo, decidido" exulta Dora.
Também artista plástica, Pipa (assim mesmo, sem sobrenome), 25, fez uma tatuagem com o personagem no braço direito: ``É um quadrinho legal. É inevitável que ela influencie quem a conhece", explica, ressaltando que acha normal a mídia se apoderar dela. ``Agora que estão fazendo da Tank Girl uma pop star, ela vai virar ícone."
Tanto que há pelo menos duas marcas reproduzindo o rosto da Tank Girl em t-shirts na cena underground de São Paulo. Cacá Di Guglielmo, 27, estilista de uma delas, a Third World, justifica seu fanatismo (também tem tatoo da TG no braço direito): ``Ela é uma legítima heroína trash -fala palavrão, mata, é independente e sexy. Tem atitude da mulher 90".
Ana Moreno, 30, estilista da outra marca, a Babes On Fire, acha que a TG ``faz parte de uma geração de meninas mais agressivas." E sentencia: ``Mesmo com preconceito, ela influenciou uma nova estética feminina".
Para Eitan Rosenthal, 32, estilista da marca Transilvânia, ``a Tank Girl é uma tendência fashion para consumidores sintonizados".

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