São Paulo, sábado, 6 de maio de 1995 |
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Lenine e Suzano fazem MPB do futuro
BIA ABRAMO
No palco, a formação é inusitada: Lenine ao violão e Suzano na percussão -sobretudo, um pandeiro amplificado. Calmamente, como se estivessem mostrando seu som para os amigos, eles desfiam as 11 faixas de seu recém-lançado disco de estréia, ``Olho de Peixe" (selo Velas) e seis canções novas. É como uma viagem no tempo -ora as composições de Lenine (sambas, cirandas) apontam para o passado afetivo da MPB, ora se encaminham para um futuro provável. As reminiscências dos grandes nomes -Milton Nascimento e o Clube da Esquina, Alceu Valença, Gilberto Gil, João Bosco- se fazem presentes, mas nunca de forma entronizada. São a matéria viva da qual a originalidade da dupla se alimenta. Lenine, com este nome improvável, se mostra um fino artífice de canções e um instrumentista original. Em suas mãos, o violão funkeia, chora ou percute. Às vezes, a veemência leva o instrumento acústico ao limite do elétrico, com ecos de guitarra ou baixo. Suzano, com uma timidez simpática, transforma o pandeiro em instrumento de ataque. Dialoga com o violão em frases percussivas e toma o lugar das cordas para construir a base harmônica das músicas. De seu set de percussão, também saem sons mais suaves de moringa, repique com vassourinha ou mais estridentes de prato. A dupla já tem pelo menos um candidato certo a hit: ``Acredite ou Não", composição de Lenine em parceria com o escritor Bráulio Tavares, crônica de uma cidade imaginária e miscigenada, plena de acontecimentos estranhos, teve seu refrão entusiasticamente acompanhado pela platéia do Sesc na noite de estréia. Ao lado de músicas com inegável acento pop e apelo idem, como ``Miragem do Porto", ``Escrúpulo" e ``Mais Além", Lenine também arrisca canções na fronteira do romântico e intimista, sozinho com o violão. É aí que o show resvala no ``tocando no boteco" e se arrisca a cair numa espécie de sonolência. Mas nada que comprometa. Show: Lenine & Suzano Quando: hoje e amanhã, às 21h Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 011/±864-8544, Pompéia, zona oeste) Preço: de R$ 5 (comerciários e estudantes) a R$ 10 (ingresso normal) Texto Anterior: Jazz folclórico chega com Pata Masters Próximo Texto: 'Vitória...' tem saudades de Moscou, 1913 Índice |
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