São Paulo, domingo, 7 de maio de 1995
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Clássico será disputado em alta tensão

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Pelo que o São Paulo demonstrou diante do Grêmio, na sexta à noite, pela Copa do Brasil, o Corinthians terá de correr muito esta tarde para sair de campo com um bom resultado. Apesar do empate, sua performance, ao longo da maior parte do jogo, deu sinais de que hoje poderá complicar a vida dos corintianos.
Sobretudo se Denílson repetir a movimentação e o empenho que marcaram sua presença contra o Grêmio. Pois habilidade e inteligência é o que não lhe faltam.
Creio que seja por isso mesmo que Eduardo Amorim invocou sua alma mineira para construir ali no meio-campo uma barreira praticamente intransponível, com Bernardo, Ezequiel e Zé Elias, três ferozes marcadores, que não haverão de dar um mínimo espaço aos ágeis e talentosos Denílson e Juninho.
Tanto, que abriu mão de Souza, já fisicamente recuperado, mas animicamente tênue. Entre o vigor de Marques, para puxar os contragolpes, e a sutileza de um Souza ainda indeciso quanto à resistência de seu tornozelo, Eduardo, cautelosamente, optou pela primeira alternativa.
Isso quer dizer que teremos um clássico disputado em alta tensão, com o São Paulo tentando contornar o adversário com velocidade e perícia, enquanto o Corinthians jogará no erro do adversário.
É para se ver.

Por falar nisso, o mosqueteiro grita: ``touché"! E Muller desembarca no Parque.

Fico pensando se realmente o Edmundo nunca sabe bem o que faz, como na paródia brasileira do swing americano ``In the Mood". São tantas, e estrategicamente tão bem colocadas, as trapalhadas de Edmundo que começo a suspeitar de uma fria e calculada armação, uma saída tosca e sutil do jogador, que não quer continuar no Parque Antarctica.
Não há cristão sobre a terra que desconheça o pavio curto e a sensibilidade eriçada, mediterrânea, dos cartolas palestrinos. Logo, não é possível que Edmundo não saiba estar cavando com suas palavras ferinas sua cova no Palestra Itália.
Até agora, a Parmalat, detentora de seu passe e sócia-responsável pela revitalização do Palmeiras, tem segurado as pontas. Mas, pelo ar desolado de Brunoro, na noite de quinta-feira, nos estúdios da Gazeta, creio que até seu estoque de paciência já se esgotou.
Se assim for, é bom Edmundo levar em conta que nas veias de Brunoro e da Parmalat também corre o sangue quente peninsular.
``Business is business", dizem os álgidos ingleses. Mas, onde o sol derrete os miolos, quando o sangue ferve, costuma-se dizer: ``Merda per merda, marcia reale!" Traduzindo para o nosso caipirês infiltrado: ``Truco!"
Nesse caso, não se espantem se, em breve, reencontrarmos Edmundo bem longe do Parque. Mais longe ainda das praias cariocas, passeando pelos vinhedos de Caxias do Sul, com a gloriosa camisa do Juventude.

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