São Paulo, terça-feira, 9 de maio de 1995
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Governo quer negociar 'empresa nacional'

DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), vai procurar hoje os líderes dos partidos de oposição para tentar convencê-los a votar a favor da emenda que acaba com a distinção entre empresa brasileira e empresa brasileira de capital nacional.
O governo, segundo a proposta encaminhada ao Congresso, pretende suprimir o artigo 171 do texto constitucional .
Nesse dispositivo, a empresa de capital nacional é definida como aquela ``cujo controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas domiciliadas e residentes no país ou de entidade de direito público interno...".
A Constituição assegura a essas empresas proteção e benefícios para desenvolver atividades consideradas estratégicas e impõe ao Estado dar preferência a elas na aquisição de bens e serviços.
``É preciso manter o clima de entendimento com a oposição. As reformas não vão beneficiar o governo, mas o país", disse Santos, que quer se reunir com os líderes do PT, Jacques Wagner (BA), e do PDT, Miro Teixeira (RJ).
Wagner disse ontem que o PT não vai recusar convites para negociar. Segundo o líder petista, o partido poderá votar novamente com o governo -como fez na emenda do gás canalizado- se o Executivo se mostrar disposto a negociar pontos das emendas que quebram os monopólios do petróleo e das telecomunicações.
A proposta que acabou com o monopólio estatal do gás canalizado contou ainda com o apoio do PDT, PC do B, PPS, PV e PSB, além dos partidos governistas.
A emenda que elimina da Constituição o tratamento privilegiado para empresas brasileiras de capital nacional será discutida hoje e votada amanhã no plenário.
Com o fim da distinção, o governo pretende estimular o ingresso de capital estrangeiro no país.
Miro Teixeira disse que aceitará negociar com Santos se o governista apresentar fórmulas que mantenham algum tipo de proteção às empresas brasileiras.
``Sem a diferenciação, empresas estrangeiras terão acesso a financiamentos públicos em condições de igualdade com as nacionais, o que é um absurdo", disse.
Para o líder pedetista, a aprovação da emenda vai prejudicar justamente seus maiores defensores, identificados nos ``partidos conservadores". ``A classe empresarial que sobrevive às custas do BNDES e da Sudene vai desaparecer".

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