São Paulo, terça-feira, 9 de maio de 1995
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Takács e Virtuoses fazem noite musical

WILLIAM LI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Hoje tocam em São Paulo dois dos mais importantes conjuntos musicais da atualidade. A Sociedade de Cultura Artística traz os Virtuoses de Moscou com um repertório basicamente barroco, enquanto o Quarteto Takács se apresenta na série de concertos Hebraica/Banco de Boston.
Os dois concertos serão repetidos amanhã.
Os Virtuoses foram criados em 1979 pelo violinista russo Vladimir Spivakov, que é também o regente da orquestra.
Devido às perturbações políticas da ex-União Soviética e à invasão do Afeganistão, a orquestra começou a se apresentar no ocidente somente após 1989.
Atualmente ela e seu regente residem na Espanha, a convite do duque de Badajoz, como disse Spivakov em entrevista à Folha (leia texto abaixo).
No mesmo país, ele foi convidado pelo governo espanhol para fundar um conservatório nas Astúrias. Dentre suas gravações, destacam-se as obras de Bach, Vivaldi, Haydn e Mozart.
Na apresentação de hoje, serão apresentados três concertos de Vivaldi (incluindo o conhecido concerto para 3 violinos e orquestra em fá), duas obras rococó de Boccherini e uma obra romântica de Pasculli.
Também vindo do leste, a série Hebraica/Banco de Boston traz o renomado Quarteto Takács.
Formado em 1975 em Budapeste por músicos vindos da célebre Academia Franz Liszt, o quarteto mora desde 85 nos Estados Unidos.
Por lá, seus componentes lecionam na Universidade do Colorado.
O Quarteto Takács atua frequentemente em festivais como os de Salzburgo e Berlim, tocando com músicos do porte de Rampal e Rostropovich.
O quarteto já recebeu inúmeros prêmios internacionais e devido ao seu prestígio, o Quarteto Takács recebeu vitaliciamente da ``Corcoran Gallery of Arts", de Washington, um conjunto completo de instrumentos Amati do século 17, nos quais eles tocam.
No programa que trouxeram para o Brasil estão obras clássicas, românticas e contemporâneas.
Será também executado o ``Quarteto em Mi menor" do tcheco Smetana (1824-1884), e chamado de ``Da Minha Vida".
Smetana, assim como Beethoven, ficou surdo e morreu louco num sanatório. Finalmente, o programa inclui o ``Quarteto Nº 5", do húngaro Bela Bartók (1881-1945), um dos maiores expoentes da música do século 20.
A Folha entrevistou o violoncelista Andreas Fejer a respeito das atividades do quarteto e de sua concepção de música de câmara.
``Não creio que um quarteto deva ter uma só cabeça ou uma espécie de regente", afirma Fejer. ``São quatro instrumentos personalizados que devem formar uma só música, mas cada um mantendo sua individualidade."
Falando em individualidade, as preferências do quarteto estão concentradas no repertório clássico: Haydn, Mozart e Beethoven.
Quanto à música contemporânea, Fejer faz ressalvas. ``Nós só tocamos uma peça contemporânea se ela tem lógica, uma estrutura harmônica e sobretudo se ela soa bem", diz.
Morando nos EUA já há dez anos, Fejer hoje tem pouco contato com a vida musical da Hungria. Ele acompanha de longe: ``Ouvimos dizer que há novas orquestras, principalmente de câmera."

Concerto: Quateto de Cordas Takács
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Preços: R$ 40,00 e R$ 20,00 (para sócios do Clube e estudantes)
Onde: Sala Arthur Rubinstein, A Hebraica; r. Hungria, 1.000, tel (011) 818-8888

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