São Paulo, terça-feira, 9 de maio de 1995
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ONU desiste de bombardeio a sérvios

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Sérvios atacaram ontem com tanques e aviões pelo segundo dia consecutivo a capital sitiada da Bósnia, Sarajevo. Mesmo condenando o ataque, a ONU (Organização das Nações Unidas) descartou uma ação militar em resposta.
No último domingo, um bombardeio sérvio a Sarajevo matou pelo menos dez pessoas. Outras quatro pessoas morreram ontem em ataque a Tuzla (norte).
Um representante da ONU afirmou que uma resposta aos ataque poderia ter "repercussões" para a missão de paz das ONU na Bósnia. "Não faremos nada", disse Colum Murphy, porta-voz das Nações Unidas em Sarajevo.
A ONU enviou apenas um protesto ao líder militar sérvio Ratko Mladic. Os sérvios controlam 70% da Bósnia. Seu maior líder, Radovan Karadzic, recusa um plano de paz internacional que divide ao meio o país: 50% para muçulmanos e croatas; 50% para sérvios.
O bombardeio sérvio no domingo ao subúrbio de Butmir, em Sarajevo, foi o pior ataque à cidade desde fevereiro do ano passado, quando 68 pessoas morreram na praça do Mercado.
Desde então, a ONU proibiu armamento pesado nos arredores da capital. "Há indícios de que os sérvios da Bósnia mantêm dezenas de armas pesadas, disse o porta-voz da ONU Gary Coward.
Tanques sérvios dispararam ontem contra posições bósnias de dentro da zona de exclusão de armas pesadas. Os sérvios também violaram o status de área protegida que a ONU concedeu a Sarajevo.
Jatos da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança militar do Ocidente) voavam baixo ontem sobre a cidade como demonstração de força.
A Otan não faz ataques aéreos a posições sérvias na Bósnia desde dezembro, quando se tornou claro que não contava com apoio internacional suficiente.
Temia-se pela segurança dos soldados da missão de paz das Nações Unidas, tomados como reféns a cada ameaça de ataque aéreo. Ontem tropas ucranianas caíram em emboscadas de sérvios.
A missão da ONU na vizinha Croácia tomou parte na decisão de não atacar os sérvios na Bósnia, por temer captura de novos reféns.
Outro motivo foi o receio de que os sérvios cortassem completamente vôos humanitários para o aeroporto de Sarajevo e de que o conflito entre sérvios e croatas volte a se intensificar na Croácia.
"Não entendo esse raciocínio", disse o primeiro-ministro do governo muçulmano da Bósnia, Haris Silajdzic. "O que isso tem a ver com os mortos em Sarajevo?"
Representantes da ONU em Zagreb (a capital croata) voltaram a acusar a Croácia de ter maltratado civis sérvios na ofensiva relâmpago da semana passada, em que recuperou áreas de mãos sérvias.

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