São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
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UM CORPO QUE CAI

Hitchcock filma conflito amoroso como tragédia

DA REDAÇÃO

Hitchcock carregava impassível ``o fardo de sua perpétua inquietude", escreveu Henry James, para quem o cineasta inglês ``não conheceu uma hora de equilíbrio em sua vida".
E tudo é questão de falta de equilíbrio em ``Um Corpo que Cai", onde James Stewart faz Scottie, policial afastado do serviço por sofrer de vertigens.
Contratado para vigiar Madeleine, mulher com tendências suicidas, fracassa duplamente: apaixona-se por ela e não impede o suicídio.
Tempos depois, encontra na rua uma moça parecida com Madeleine, Judy, e tenta moldá-la, em roupas e maneiras, como Madeleine. Descobrirá, nesse processo, que elas eram a mesma mulher, e que fora envolvido em uma trama de assassinato.
Rodado entre setembro e dezembro de 1957, ``Um Corpo que Cai" proporcionou não poucos desgostos a Hitchcock.
Para começar, a atriz que queria para o papel feminino, Vera Miles, engravidou antes do filme, o que o diretor considerou uma traição pessoal. Sua substituta, Kim Novak, era uma estrela fora do padrão de Hitchcock, que admirava as heroínas belas e gélidas. Novak não só era sensualíssima, como resistia às tentativas do cineasta de moldá-la à sua maneira. Por fim, o filme não foi o sucesso esperado.
No entanto, essas dificuldades parecem ter servido para duplicar a tensão de ``Vertigo". Kim Novak parece desdobrar a ambiguidade de sua personagem, fazendo da trama entre Scottie e Madeleine/Judy a expressão perfeita do conflito amoroso, tal como Hitchcock o concebia: uma desesperada tragédia.

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