São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
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A REGRA DO JOGO

Renoir disseca vida burguesa no período entre guerras

DA REDAÇÃO

Poucos filmes tiveram um destino tão estranho quanto ``A Regra do Jogo". Seu lançamento, em 1939, foi um fracasso. Relançado em 1945, novo fracasso. Nova tentativa em 1948, e nada.
Foi preciso esperar até 1965 para que começasse a ser reavaliado. Antes de realizá-lo, Renoir -engajado à esquerda nos anos 30- declarava sua intenção: o filme seria a ``descrição exata dos burgueses de nossa época".
``A Regra do Jogo" começa com a chegada à França do aviador André Jurieu, que atravessou o Atlântico para conquistar uma burguesa, Christine de La Chesnaye. Christine nem ao menos vai esperá-lo no aeroporto.
O desespero de Jurieu origina o jogo amoroso em que se envolvem ele, Christine, o marido dela, a amante deste, o sr. de Saint Aubain, outro pretendente a Christine etc.
O crítico André Bazin definiu o filme como ``expressão, através de história e personagens, de uma civilização refinada, inconsciente e decadente", isto é, a França do pré-guerra.
A intriga amorosa central diz respeito a uma mulher que hesita entre vários homens que a cortejam, mas é incapaz de reconhecer o único que a ama sinceramente e não segue a regra do jogo social, Jurieu.
``A Regra do Jogo" não foi o único fracasso de Renoir. Até o final de sua carreira, a França parecia desconfiar de seu gênio pouco afeito à arte dos museus e às convenções.
Talvez por isso, também, sua obra sensibilizasse tanto Orson Welles. ``Tenho horror de distribuir prêmios", disse Welles, ``mas, se fosse preciso, eu diria que o maior é Renoir".

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