São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
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8 E 1/2

DA REDAÇÃO

Para definir ``8 e 1/2", rodado em 1963, o diretor Federico Fellini disse se tratar da história de ``um filme que nunca fez". A definição procura explicar um trabalho cuja história tem como centro a crise de um diretor de cinema face à sua própria criação.
Usando o ator Marcello Mastroiani como seu alter ego, ``8 e 1/2" traz um homem em meio a uma espécie de autópsia de si mesmo, tentando atravessar a crise que o obriga a indagar as razões de estar ou permanecer no mundo. Logo em suas primeiras cenas, esse personagem, Guido, está sendo examinado por um médico e enfrenta a pergunta: ``Mais um filme sem esperança?"
Assim, ``8 e 1/2" é construído pela melancolia e pelos devaneios desse personagem, que vão se misturando ao que, mais tarde, seria reconhecido como a mitologia pessoal de Fellini. Tudo sendo visto através do inconsciente desse cineasta.
Durante muitos anos, o diretor se negou a identificar a crise de Guido como um reflexo de seus problemas em relação ao cinema. Procurava sempre evitar uma leitura psicanalítica, freudiana, de seu personagem.
Reconhecia, antes, que apesar de seu aspecto quase soturno o filme é uma afirmação de felicidade diante da vida. Para Fellini, ``8 e 1/2" era apenas um filme cômico.

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