São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
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AMARCORD

DA REDAÇÃO

Fellini chega a ``Amarcord" com uma lição tirada de ``8 e 1/2". Se naquele filme explorava seu universo sentimental de maneira claustrofóbica, desta vez faz o caminho inverso e abandona a narrativa distanciada e irônica. ``Amarcord" é, como ``8 e 1/2", um filme sobre a memória, ou a lembrança afetiva. Só que de um ponto de vista subjetivo, quase confessional.
O filme conta a vida em Rimini, pequena cidade do interior da Itália, através de várias histórias. Todas materializadas pelos tipos criados por Fellini, que de alguma maneira se relacionam com seu passado e, como consequência, com o próprio passado da Itália.
Assim ``Amarcord" se detém na tensão sexual de um grupo de garotos, no desejo pela prostituta do lugar ou no tio louco da família, que sente a necessidade desesperada de amar, urgentemente, uma mulher.
Em entrevista ao semanário ``L'Espresso", em dezembro de 1973, Fellini afirmava que ``Amarcord" era como ``um álbum de família, como se alguém folheasse um álbum de fotografias antigas. Imagens, instantes. Nenhum herói. O herói é uma sombra, é a mão que faz anotações, um dedo que dispara a câmera". Sua intenção era enfrentar a idéia de que o mundo em uma pequena cidade é sempre provinciano.

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