São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
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Polícia acha erro e 'reduz' mortes em favela

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Polícia acha erro e 'reduz' mortes em favela
A operação policial na favela Nova Brasília (no Complexo do Alemão, zona norte), na manhã de anteontem, terminou com a morte de 13 pessoas e não de 14, como havia informado a polícia.
Segundo o delegado Mário Azevedo, 50, titular da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos Contra Estabelecimentos Financeiros (DRRFCEF) e responsável pela ação, houve "erro de contagem".
Entre os mortos estava Alexandro Alves dos Reis. Segundo a família, ele seria soldado do Exército e trabalharia no prédio do Comando Militar do Leste (centro).
Octacílio Costa, pai de Alex Fonseca da Costa, outro morto na favela, disse que o filho havia se mudado da favela de Manguinhos (em Bonsucesso, zona norte) para Nova Brasília há um mês.
"Ele sempre foi um menino bom, já tinha até arrumado emprego comigo na Skol e ia começar na próxima semana. Se ele fosse bandido eu me conformava, mas era bom ", disse.
Apesar de os laudos cadavéricos estarem prontos, o diretor do IML, Alexandre Maluf, disse que eles só seriam divulgados pela assessoria de imprensa da Polícia Civil.
Até o final da tarde, a assessoria informava não ter recebido os laudos, que permitem saber onde os tiros atingiram as vítimas.
Um funcionário do IML, que pediu para não ser identificado, disse que os laudos são semelhantes aos das 13 vítimas da chacina ocorrida na favela em outubro de 94. Aqueles laudos mostravam que a maioria das vítimas foi atingida com vários tiros na cabeça.
As fichas policiais das vítimas, que informam sobre possíveis antecedentes criminais, também não foram divulgadas pela polícia.

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