São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
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Malan diz que salário fica indexado

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que o governo não vai desindexar totalmente os salários a partir de 1º de julho, quando deixa de vigorar a correção pelo IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em real).
A nova proposta salarial que será enviada pelo governo ao Congresso no próximo mês, ainda em estudo pelo governo, deverá incorporar parcela da inflação passada e parte da inflação futura, explicou o ministro.
O IPC-r ficou em 1,92% em abril. Desde o lançamento do Plano Real, em julho passado, o índice, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), acumula alta de 29,55%.
A nova política será ``transitória" até a completa desindexação da economia, prazo que Malan não quis dizer qual será.
``No momento atual, não dá para livre negociação. Estamos com uma taxa de inflação que, dada a nossa cultura inflacionária, levaria ao desenvolvimento de mecanismos de indexação informais", afirmou o ministro.
Indexação é o processo econômico pelo qual as obrigações monetárias têm seus valores em dinheiro corrigidos em função de índices oficiais do governo.
No Brasil, salários, aluguéis, caderneta de poupança e pagamento de imposto de renda estão indexados. Malan disse que, por isto mesmo, o Brasil não poderia aplicar o exemplo argentino.
Em abril de 91, o ministro argentino Domingo Cavallo (Economia) promoveu uma desindexação total -salários, preços, impostos, aluguéis e aplicações financeiras.
Malan chegou ontem a Buenos Aires, numa rápida escala de viagem ao Chile. Ele almoçou com Cavallo, na sede da Embaixada do Brasil. Ambos discutiram as dificuldades da economia dos dois países após a crise do México.
Malan deixou claro que o governo não pretende desindexar os salários nos próximos meses mesmo que o Congresso aprove a desvinculação do pagamento dos benefícios da Previdência do valor do salário mínimo.
Na própria Fazenda, existem opiniões diferentes. O presidente do Banco Central, Pérsio Arida, defende a desindexação salarial após a desvinculação do mínimo dos benefícios da Previdência Social.
A livre negociação, como trabalhadores e empresários buscando acordo para fixar a correção salarial, será aplicada apenas ao setor privado.
O setor público e os benefícios da Previdência Social continuariam com critérios determinados pelo governo federal.

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sobre inflação na pág. 3.

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