São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Problemas, problemas...

THALES DE MENEZES

Antes de mais nada, Monica Seles e a ladainha de sua volta ou não às quadras. No começo, o público compreendia seu problema e dava força à jovem tenista. Mas está demorando tanto que a coisa mudou. Paciência tem limites. Eis o tipo da frase que se escuta pelas quadras: ``Se ela não quer mesmo voltar, tudo bem, mas por que ficar embaçando desse jeito?"
Depois, tem também a velha história de que os saques supersônicos estão estragando o jogo de tênis. Verdade verdadeira, mas transformá-la em única culpada do atual estágio de desinteresse do esporte é um exagero.
E o Pete Sampras, hein? Coitado. É o campeão chato, sem carisma, sem uma namorada que ocupa espaços na mídia, sem um arquiinimigo com o qual troca farpas maldosas pela imprensa, sem a mínima pinta de que já tenha chegado perto de alguma substância proibida ou qualquer outra coisa que possa ajudá-lo a ganhar o rótulo de ``polêmico".
E o Andre Agassi? Ele finalmente chegou ao posto de nº 1 do ranking mundial. Não era isso que iria salvar o tênis do marasmo? Cadê os novos ventos que sua ascensão deveria trazer às quadras? Será que é o cabelo cortado com máquina quatro? Só um efeito Sansão explicaria o fato de que Agassi renovou seu contrato de publicidade com a Nike por menos -sim, menos- do que ganhava antes. Ninguém entendeu.
E há o novo dilema das redes de TV. Embora os direitos de transmissão dos quatro torneios do Grand Slam estejam sendo disputados a tapas e lances polpudos, na média a procura pelos jogos de tênis diminuiu nos últimos três anos.
O glamour do esporte não está resistindo à rigidez das grades de programação das emissoras. Todas preferem esportes com tempo de partida mais limitado. Uma grande final com quatro horas de duração pode ser belíssima para os fãs ardorosos, mas é um desastre para os executivos das emissoras.
Mais um problema: o recuo do tênis em países com tradição no esporte. O pior caso é o da Inglaterra. Difícil também é a situação da República Tcheca e outros países da Europa Oriental, assim como a posição de toda a América Latina e a decadência, ainda que tímida, da Austrália.
Falta lembrar o maior estorvo do tênis mundial: seus dirigentes, que falam, falam, falam e nada fazem. Todos os problemas citados acima poderiam estar numa lista elaborada há exatos dois anos. Até quando vai essa coisa vai durar?

Texto Anterior: Arsenal e Zaragoza disputam a final da Recopa hoje, em Paris
Próximo Texto: Notas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.